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terça-feira, 28 de março de 2017

Ganhos secundários

Por mais chocante que possa parecer, há um número considerável de sonhos que não foram, e não serão realizados porque esses mesmos sonhos sofreram sabotagem dos próprios sonhadores. A parte ilógica disso, e também a mais triste, é que os sabotadores enxergam vantagens inconscientes para que esses sonhos não se realizem mesmo. 

Muitas vezes, as atitudes de autossabotagem são claras. Aquela dieta que é maculada por uma barra de chocolate 5 minutos antes de se ir para a cama. O inocente cigarro que desfaz o orgulho de se completar uma semana sem fumar.  A dominação da timidez quando o momento exige iniciativa. Outras vezes, os processos de autossabotagem são bastante subjetivos, como a tendência à procrastinação, a estar doente, a chegar atrasado. Ou ainda, o constante desequilíbrio emocional, ou os padrões repetitivos que só geram sofrimento.  A primeira reação de grande parte das pessoas é encontrar razões para culpas em outras pessoas pelos seus problemas e objetivos não alcançados.

Tudo isso parece absurdo, e ainda assim os exemplos acima implicam em percepção de ganhos em nível inconsciente a quem os pratica. Os famosos ganhos secundários.

O que motiva alguém quebrar a sua dieta conscientemente? Voltar a fumar? Perder oportunidades? A resposta pode não estar no objetivo ou nos fatos em si, mas sim, na baixa auto-estima da pessoa, que vem se retro-alimentando de crenças limitadoras ao longo de sua existência. Inconscientemente, a baixa auto-estima busca recolher-se no sofrimento. Por alguma razão, aquela pessoa, em seu íntimo, sente que merece ser punida. Mesmo quando se busca uma nova realidade, será um grande desafio adaptar-se à busca de outro padrão que seja favorável ao novo estado desejado, visto que nossa mente, de forma geral, prefere manter-se em padrões reconhecíveis. Assim, vamos apenas repetindo velhos comportamentos que essa nossa mente viciada já conhece. 

Talvez quebremos a dieta porque ao mantermos nosso corpo no estado indesejado, nutrimos a esperança de punir esse personagem que não queremos mais viver, e que, no fim das contas, continuaremos vivendo. Talvez voltemos a fumar porque, apesar de sabermos dos males à saúde, nosso caminho inevitável é a morte, e não há razão de se ter auto-estima nesse cenário. Talvez sucumbamos à timidez e apatia para termos certeza mesmo que não somos capazes, e que nem vale a pena começar.

O que pode ganhar alguém que chega constantemente atrasado em compromissos importantes? Que deixa para outro dia uma tarefa que poderia mudar sua vida para melhor? Será a satisfação da crença que "eu sou assim mesmo, e não preciso/consigo mudar"?

O que dizer de pessoas saudáveis que vivem com os mais diversos problemas emocionais e de saúde? O quanto dessas disfunções têm origem psicossomática? Qual o ganho secundário? Atenção e piedade das pessoas que a rodeiam? Parecer altamente espiritualizado em seu martírio?

O processo do ganho secundário não é racional. O inconsciente cria sua própria lógica para disparar os gatilhos da autossabotagem. A descoberta das crenças que alicerçam esses gatilhos só pode acontecer através de uma limpeza profunda de todos os cantos de nossa mente, com a revelação de quais zonas são bem conhecidas e quais zonas são sombrias. E a ressignificação dessas crenças limitantes é o processo capaz de despertar-nos para a responsabilidade pessoal pelos nossos mais altos objetivos e realização dos mais queridos sonhos.

Quão poderoso é um diálogo entre as partes dissonantes de uma pessoa. Entre as partes que desejam chegar aos seus objetivos e te impulsionam, e as partes que têm medo, e te refreiam. Travar um diálogo assim é ultrapassar o portal onde se inicia a estrada do autoconhecimento.

Você tem coragem de iniciar esse diálogo?

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli






sexta-feira, 3 de março de 2017

A Liderança Coach

Imagine a seguinte situação:

Você é um líder de uma equipe. Reúne essa equipe, e faz a seguinte declaração: "que venham comigo aqueles que querem realizar algo sem propósito".

Imagine, agora, a segunda situação:

Você é um líder de uma equipe. Reúne essa equipe, e faz a seguinte declaração: "que venham comigo aqueles que querem realizar algo que faça sentido".

Em qual das duas situações o líder obterá mais seguidores para realizar a tarefa?

É isso o que, basicamente, distingue um Líder Coach: o despertar dos propósitos individuais dentro de uma equipe. Esse Líder colabora para que seu time descubra razões interiores para realizar determinado trabalho ou atividades, mesmo quando essas razões estejam em recônditos obscuros do inconsciente das pessoas.

Em ambientes profissionais como os atuais, onde convivem pessoas de gerações distintas, onde Baby Boomers compartilham suas crenças e valores com gerações X e Millennials, que por sua vez trazem em suas práticas profissionais suas próprias verdades e mapas mentais, uma liderança que catalise o melhor de cada indivíduo para o bem do time e da empresa parece ser o grande desafio do líder que não busca fazer valer apenas seu poder hierárquico para inspirar corações e mentes aos objetivos da empresa. 


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O que move cada pessoa?

De modo geral, seu propósito de vida. Será que todas as pessoas têm em nível consciente, seus próprios propósitos? Será que sabem exatamente onde querem chegar? Conseguem ver algum sentido íntimo em seu trabalho?

O que ampara esse propósito são as suas crenças e valores individuais. Esses, por sua vez, podem comumente serem percebidos através dos comportamentos. De que forma os comportamentos individuais aproximam ou distanciam as pessoas de seus propósitos? E em que proporção estão em sintonia com os propósitos da empresa?

O Líder Coach se instrumentaliza com essas informações sobre seu time. Mede o grau de maturidade, analisa o alinhamento dos propósitos pessoais com os propósitos da empresa, permite que as pessoas encontrem suas próprias soluções para desenvolverem suas próprias estratégias. Permite espaço para erros, correndo riscos calculados. Dando oportunidade de crescimento ao indivíduo, faz sua própria influência crescer. Ao permitir e estimular o nascimento de mini líderes alinhados com a missão, visão e valores da empresa, faz que essa evolução de seus liderados seja o grande prêmio de sua própria evolução como líder.


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A parte Líder tem autoridade. A parte Coach não. Porém, a parte Líder pode ser apenas aceita por questões de hierarquia. Já a parte Coach é aceita pelo poder de despertar propósitos. Quantos líderes hierárquicos não exercem liderança de fato, a perdendo para outros líderes que foram capazes de descobrir propósitos pessoais de seus colegas, que são muitas vezes estranhos aos mais básicos princípios da empresa e do bom profissionalismo, gerando vícios? Ao mesmo tempo, quantos excelentes profissionais são perdidos por uma líder que não chegou a se interessar pelos propósitos mais caros da vida desse profissional?

Antes de dar ordens, o Líder Coach faz questionamentos. Antes de limitar-se a escutar já pensando na réplica, procura ouvir o líderado e entendê-lo. Antes de lançar o olhar do alto de seu posto, procura submergir e enxergar o que está  na base do iceberg da equipe.

Ao despertar propósitos que valham a pena para que seus liderados levantem da cama todos os dias e vão trabalhar, faz com que a VIDA de todos faça mais sentido.

Ao ver o sucesso de sua equipe, sabe, em seu íntimo, que aquele também é o SEU SUCESSO.


Grato pela confiança
Marcelo Pelissioli