Apesar de vivermos uma era onde a
comunicação e a informação são onipresentes, isso não quer dizer que nossa
qualidade como chasques consiga acompanhar essa velocidade em termos de
qualidade, sem que nos empenhemos em seu aprimoramento.
As maiores dificuldades dos
chasques se encontram em não delimitarem o campo ao que é observável,
deliberando imaginariamente diversas realidades paralelas que originam mais
apreensão do que soluções. Outro ponto de importância na qualidade do chasque é
não se dar conta das necessidades envolvidas na situação, suas e do outro, o que funciona como uma
espécie de sublinhado naquilo que se deseja expressar. Um terceiro ponto é a
expressão dos sentimentos. Um chasque bem instruído traz em sua mensagem as
motivações emocionais implícitas no que reporta, uma vez que são elas que movem
primariamente. Por fim, o chasque em si apresenta algo na forma de um pedido, o
que pode acabar sendo entendido de verdade como um pedido baseado em
observação, necessidade e sentimento, ou acabar soando como uma exigência. Nesse
último caso, nosso interlocutor só tem duas opções: ou submeter-se, ou
rebelar-se.
Essas ideias, que provêm do
modelo de comunicação conhecido como Comunicação Não-Violenta, são a matriz
para novos paradigmas em nossos contatos intra e interpessoais, de modo que a
comunicação em si seja gerada por chasques mais assertivos, objetivos e
positivamente persuasivos. Não se trata de ser apenas bem educado: trata-se de possibilitar
ao chasque o seu melhor resultado, e ajudar com que ele chegue ao coração e à
mente de quem ele precisa alcançar, gerando maior conexão e menos resistência.
Somos levados a repetir padrões
comunicativos ao longo da vida, e dificilmente paramos para nos perguntar se
esses padrões estão realmente sendo efetivos ou não, até o momento em que
pensamos em nossos resultados como chasques. Qual tem sido o grau de sucesso em
nossas abordagens comunicativas?
E antes de encerrar, caso eu
porventura não tenha observado que algum interlocutor não estivesse me
acompanhando, “chasque” é uma palavra utilizada nos círculos nativistas do Rio
Grande do Sul, que significa “mensageiro”. Posso também não ter percebido a necessidade
do meu leitor em saber disso desde o começo, nem seus sentimentos em relação a
isso durante a leitura dessa mensagem. Também, não lhe pedi que soubesse o
significado de antemão. Se for assim,
comprometo-me, da próxima vez, a melhorar minhas habilidades como chasque!
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
Nenhum comentário:
Postar um comentário