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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

As armadilhas da comunicação (dita) assertiva


É sabido que a assertividade na comunicação é uma das características mais valorizadas nas relações interpessoais. Entende-se a assertividade como a habilidade de expressar pensamentos de modo que não haja nem rodeios nem esquivas na comunicação, sem perder de vista o respeito pelo interlocutor e a segurança própria naquilo que se apresenta.
Mesmo aprendendo e praticando as mais variadas e avançadas técnicas de comunicação, ainda podem acontecer ruídos na conexão entre emissor e receptor, ruídos esses capazes de causar transtornos graves nas relações pessoais e profissionais.  São diversos os fatores que podem ocasionar esses ruídos, o principal, o tecido psíquico no qual todos nós estamos imersos, como se fôssemos peixes dentro da água. Esse tecido que nos conecta é formado de diferentes elementos por cada um de nós, uma verdadeira colcha de retalhos de filtros cognitivos que fazem com que alguma mensagem emitida, antes de chegar, flua por esse tecido psíquico até o território de percepção de quem recebe a mensagem. Assim, não basta emitir bem uma mensagem. Precisamos é que ela chegue o mais limpa e menos distorcida possível.
Para tal, conhecer o modelo de Estilos Sociais, desenvolvido por David Merril, é               de suma importância. Esse modelo demonstra graficamente de que modo agimos e interagimos com o mundo, a partir do grau de determinadas características.
Algumas pessoas têm preponderantemente um estilo analítico, tendem a fazer cálculos das situações e valorizar estruturas e mapeamentos. Outros tendem a ser pragmáticos, visando o resultado desejado antes de qualquer outro elemento. O modelo ainda prevê o estilo expressivo,  que gera comunicação espontânea e, por vezes, monológica. Por fim, há o estilo diplomático, cuidadoso na comunicação para evitar conflitos. Todos nós temos em diferentes graus esses quatro estilos sociais facilmente percebidos na comunicação, podendo, sua utilização, trazer benefícios ou prejuízos em diferentes situações.
Imaginemos a comunicação entre pessoas de diferentes estilos, todos com desejo sincero de praticarem assertividade. O estilo diplomático pode tornar sua mensagem cansativa e redundante ao pragmático. O expressivo tende a ter sua mensagem percebida como pueril pelo analítico. A mensagem do analítico pode soar enfadonha ao pragmático que, por sua vez, pode emitir uma característica de frieza à percepção diplomática.
Aperfeiçoar nossas linhas de comunicação para que se adequem ao nosso público ou interlocutor é tarefa fundamental para o cultivo de bons relacionamentos e alcance dos melhores resultados, seja na vida profissional ou pessoal. Conhecer o quanto de cada estilo temos em nós mesmos, e em quais situações tendemos a ter mais ou menos de cada um deles, é um prêmio recebido por aqueles que estão trilhando o caminho do autoconhecimento.

Grato pela confiança,

Marcelo Pelissioli
 

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Competências além da técnica


Tal qual satélites naturais ao redor de um planeta, orbitam a pura competência técnica que o mundo profissional exige, quatro características que foram elencadas pela renomada publicação Harvard Business Review, as quais formam um sistema em equilíbrio a ser interiorizado por aqueles que almejam alçar voos profissionais mais altos:

1 – Desejo de superação: que fique claro que superação não significa necessariamente trabalhar muito, mais sim, trabalhar bem. É nos resultados obtidos que se mede a produtividade de um profissional, de modo que a superação mencionada está naquilo que se gerou de produto positivo ao final da empreitada.  Esse desejo é aquele incômodo que o profissional que busca ascensão sente todo o tempo, um pequeno motor que o move para obter sempre um pouco mais em termos de resultado. É ser capaz de se aproximar as “dores” dos donos da corporação de onde trabalha, ou de seus clientes, buscando as melhores medidas para minimizá-las.

2 – Sensores dinâmicos para relacionamentos: muito se fala sobre como será o mercado de trabalho no futuro. Ao que tudo indica, uma parte significativa das profissões dos próximos 30 anos passará por grandes transformações, uma vez que tudo o que puder ser padronizado acabará sendo robotizado. Nesse contexto, o diferencial competitivo das profissões estará exatamente naquelas habilidades que distinguem a nós, seres humanos, dos robôs: inteligência emocional, empatia, resiliência e capacidade de adaptação. Até pouco tempo, havia o alerta para o desenvolvimento mais profundo dessas habilidades nas crianças de hoje, uma vez que ocuparão um mercado de trabalho ainda incerto em suas ocupações. Porém, precisamos nos dar conta que muitos de nós ainda estarão trabalhando nos próximos 30 anos e, ao não termos bem desenvolvidas nossas capacidades de relacionamento inter e intrapessoais, seremos sérios candidatos ao ostracismo profissional.

3 – Espírito empreendedor: não se trata necessariamente de se tornar um empresário. O espírito empreendedor de um profissional pode aflorar mesmo em uma condição de empregado dentro de uma empresa, de modo que esse assuma a organização como sendo sua. A isso, dá-se o nome de empreendedorismo corporativo, uma habilidade a qual o profissional entranha a corporação, seus processos e resultados, não como se isso fosse uma forma de diminuir-se, mas sim, possibilitando que a empresa seja um verdadeiro palco onde esse profissional possa gradualmente mostrar todo seu potencial.

4 – Capacidade catalítica de aprendizado: o profissional de hoje precisa estar sempre aprendendo. Vivemos um momento histórico de volatidade profunda, o que nos obriga a estarmos reciclando conhecimento e garimpando novos aprendizados constantemente, sob pena de, em breve, nos tornarmos profissionalmente obsoletos. O aprendizado, nesse ínterim, não significa apenas o desenvolvimento tecnicista, mas sim, o aprendizado que vem da soma dos fatores que resultam em uma diminuição de energia para serem ativados e, dessa forma, em redução expressiva na velocidade de reação. Ou seja: aprendizado rápido e prática resultante desse aprendizado ainda mais rápida.

Já há algum tempo, a responsabilidade pela carreira de um profissional deixou de estar nas mãos das empresas e passou para as mãos dos profissionais. Condições de ascensão profissional serão um caminho de mão dupla, pois as empresas que não as criarem perderão os melhores profissionais, assim como muitos profissionais ficarão estacionados em suas carreiras se não criarem condições de evolução para si mesmos. 


Grato pela confiança,

Marcelo Pelissioli