O primeiro impulso a fazer sentido para mim foi pensar na
Religião e na criação do universo por um ser divino. Pouco tempo depois, voltei
meu olhar para as Ciências, as quais, mais tarde, se desdobraram nas séries
seguintes em Física, Biologia e Química. Quando comecei a estudar essas
matérias, vi na Física a matéria mais atuante na formação do universo. A
gravidade, o eletromagnetismo e as forças nucleares pareciam mesmo ser
preponderantes para que tudo existisse. Um tempo depois, a partir do conceito
filosófico “penso, logo existo”, concluí que apenas uma consciência de
existência poderia de fato criar um universo, de modo que não poderia haver percepção de “criação” sem que houvesse uma vida para percebê-la. Assim, a Biologia me pareceu fundamental
para a evolução de um ponto de um universo inconsciente de si mesmo para um
universo consciente de que ele mesmo existe, através da vida dos mais
diferentes seres. Ainda assim, a Química tinha uma maior relevância a nível
molecular e atômico para que não apenas a consciência fosse possível, mas a
própria vida, com seus processamentos orgânicos e seus intricados
neurotransmissores.
Mais recentemente, e após décadas dessa questão na cabeça,
interessei-me em averiguar o papel da Matemática e sua Teoria do Caos, ao mesmo
tempo em que descobri a perfeição numérica das órbitas dos planetas e até fenômenos dependentes de um observador para acontecerem interligando diversas
matérias com novos conceitos como as Supercordas, Física Quântica e outras
impressionantes hipóteses e descobertas em outros campos do conhecimento.
Ainda assim, não conseguia chegar a uma conclusão. Talvez, eu nunca consiga. Mas foi a pouco tempo que percebi algo mais primordial para a criação do universo.do que tudo o que foi contado até aqui.
E me refiro ao próprio ato de se contar alguma coisa.
Seja qual for a explicação para a criação do Universo, ela
precisará, de alguma forma, ser comunicada. A forma com que essa narrativa será
construída, seja a partir da crença em um ser divino, da Física ou da
Matemática (ou de tudo isso junto) é o que trará o universo à própria existência, da mesma forma que
são as histórias que contamos a nós mesmos que moldarão o nosso próprio universo
pessoal.
Nossa vida toda é uma contação de histórias que geraram
crenças. Muitas delas foram e ainda são relevantes. Outras ficaram por ficar, e
já podem estar gerando mais confusão do que clareza em nossas vidas. Para entender nosso universo,
precisaremos primeiramente entender as narrativas que fazemos sobre ele e, se necessário, atualizá-las.
Todas as matérias são relevantes para entendermos a criação
do universo, sejam elas exatas, humanas ou sociais, ou mesmo espirituais. Em cada
uma delas estão contidas centelhas de verdades sobre como tudo foi criado. Será na forma com que essas narrativas
tomam nossos corações e mentes que nosso próprio universo existirá, e com
ele, nossas potencialidades, limitações, medos, coragens, anjos e demônios.
Enfim, aquilo que contamos a nós mesmos sobre quem somos e que é verdadeiramente
traduzido em nossas atitudes.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli