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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O salto



Qual é a altura que desejamos chegar? Qual nosso potencial e preparo para superar os obstáculos? Qual é o poder de nosso foco naquilo que temos como objetivos? O quanto acreditamos em nós mesmos?

São com questões assim que inicio esse artigo, inspirando-me em um dos capítulos mais impressionantes dos Jogos Olímpicos de 2016. A final da competição masculina de salto com vara.

Na noite de 15 de agosto de 2016, chegam à final da competição de saltos sete competidores. A cada aumento da altura do obstáculo, aqueles que não a alcançam vão sendo eliminados. E assim foi: 5,50 m, 5,65 m, 5,75 m... quando a marca chegou em 5,85 m, restavam apenas três competidores. O americano Sam Kendricks ficou nessa marca. E conquistou a medalha de bronze.

Restaram dois: o brasileiro Thiago Braz, uma jovem promessa do atletismo, e o francês Renaud Lavillenie, atual recordista mundial, com 6,16 m. A próxima meta a ser batida era a altura de 5,93m. E ambos tiveram êxito em seus saltos. 

O francês mostrava a confiança de quem ainda tinha muito para dar. O brasileiro, apesar de impassível perante os saltos do francês, sabia que estava chegando em seu limite. 5,93 m era exatamente a melhor marca de sua carreira.

Próxima altura: 5,98 m. Lavillenie ousa, e solicita a colocação da barra em altura acima do recorde olímpico. Concentra-se. Faz o movimento de erguer a vara. Corre. Salta. Ultrapassa a barra. E, ainda no ar, em queda livre contra o colchão inflável, comemora a quebra do recorde olímpico, e da consequente medalha de ouro.

O público vibra. Não é à toa que ele é o campeão do mundo. Nesse momento, não há ninguém no mundo melhor que Renaud Lavillenie.

E agora, Thiago? É a sua vez! Vai ter que superar o melhor do mundo, e 5,98 m de altura.

*  *  *

Peço para que o leitor faça uma pequena pausa na leitura desse artigo, agora, e procure colocar-se no lugar de Thiago Braz. Um jovem de 22 anos. Infância conturbada. Tentativa frustrada de vida esportiva no basquete. Lesão que precisou de intervenção cirúrgica dois anos antes, exatamente quando começava a despontar para o esporte. A pressão da competição em seu próprio país. A necessidade de alcançar uma altura que nunca havia saltado, e que, ainda por cima, havia se tornado o novíssimo recorde olímpico. A competição contra o recordista mundial.

Caro leitor: imagine que é você quem vai saltar. Visualize-se. Sinta-se.  Focando no sucesso desse salto que nunca fizeste, procure manter um padrão mental que não leve em consideração nenhum fator que pudesse te sabotar ou desestimular. Que foque única e exclusivamente nesse exato momento. Que não há nada ao seu redor. Consegue seguir focado 100% no sucesso?


                                                                                *  *  *

Thiago solicita a altura a 6,03 m. Ele nunca havia passado dos 6 metros de altura, nem mesmo nos treinos.

Posiciona-se. Concentra-se. Em um movimento seguro, ergue do chão a vara com a clássica pegada pronada. Olhar fixo. Inicia a corrida. Velocidade. Vara no chão. Impulso. Segundos de silêncio no estádio. Cada músculo do corpo solicitado. Volta pela barra feita. Passou o peito. Barra imóvel. Queda livre!!!  Thiago conseguiu!!!

Thiago superou seu limite. Fez o que nunca tinha feito. Chegou a uma altura nunca alcançada. Não só ultrapassou, e muito, sua melhor marca, como quebrou o talvez mais efêmero recorde olímpico, conquistado alguns minutos antes pelo francês. 

Renaud Lavillenie parecia incrédulo. Aquilo podia estar mesmo acontecendo? Tentou mais dois saltos, e não conseguiu igualar Thiago. Seu olhar acusava um duro golpe, um olhar de quem havia perdido a confiança. Seu foco ficou difuso. Reclamou do barulho da torcida nas arquibancadas. Seu treinador chegou a reclamar do sobrenatural e de forças místicas.

Thiago Braz conquistou sua medalha de ouro, é isso que ficará na história dos Jogos Olímpicos. O que este artigo singelamente procura pontuar é o que está por trás dessa conquista. 

Thiago foi treinado pelo ucraniano Vitaly Petrov, mentor de lendas do salto com vara como Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva. E ele sabia que estava se preparando da melhor forma que podia.

Thiago, em diversas entrevistas, reconheceu que teve momentos de quase desistência do esporte, principalmente na lesão que teve em 2014, quando caiu de um salto fora do colchão, o que lhe abalou muito não apenas na parte física e motora, mas que minou sua confiança em seguir em um esporte de altura. Apesar disso tudo, também citou a força que sentia da família nesses momentos sombrios, e principalmente de sua espiritualidade.

Thiago estava com foco total no agora, mente limpa e coração leve. "Nesse momento da corrida (para o salto), tento não pensar em nada, em não me distrair com nada, até mesmo com o público", 

Assim, Thiago Braz realizou algo que nunca tinha realizado. Chegou, literalmente, a um lugar mais alto, aonde jamais havia estado. Superou, literalmente, um obstáculo que nunca havia superado. Ele confiou que tinha as condições para o sucesso almejado. Só faltava ir lá e fazer o que tinha que ser feito.

Que o ano de 2017 seja um ano em que alcancemos esse mesmo estado. Que realizemos feitos nunca realizados. Que cheguemos mais alto do que jamais imaginamos. Que superemos obstáculos até então considerados intransponíveis. Que nos conheçamos. E que confiemos plenamente em nós mesmos.

E que, para isso, façamos tudo o que tenha que ser feito para chegarmos lá.


A Inner Selfie expressa toda sua gratidão por esse ano de 2016, com a certeza da evolução de nossas vidas em 2017.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli






segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O leito de morte de nossos sonhos

Um dos exercícios que pratiquei em minha jornada como Coach foi a de imaginar-me em meu próprio leito de morte. O exercício consiste em visualizar-se no ambiente em que você viverá seus últimos minutos, com as pessoas queridas, uma a uma, despedindo-se de você, e você dizendo as últimas palavras a cada uma dessas pessoas. Esse exercício para mim, foi extremo, o mais desafiador que já havia praticado. Bastante pesado. E, na mesma proporção, um dos mais surpreendentes em termos de resultados.

Em um momento derradeiro como o do exercício, o que realmente passa a ter importância? O que fica? Do que eu mais sentiria falta? Como é saber que todas as chances acabaram?  O que eu diria a cada uma das pessoas que viessem me ver pela última vez? Quais sentimentos fariam sentido?

Aliás, O QUE faria sentido?

E meus sonhos e aspirações, aquilo que nem tentei, vão morrer junto comigo? Eles parecem muito mais saudáveis do que eu! Vou me tornar um verdadeiro túmulo de meus sonhos, e enterrá-los vivos dentro de mim? 

*  *  *

Na ocasião da construção da minha primeira casa, havia no terreno um arbusto que é conhecido como espinheira-santa. Muitas pessoas diziam que aquela planta era um chá eficiente contra diversos males do aparelho digestivo, entre eles, gastrites e úlceras. Eu estava feliz com aquele pequeno arbusto no quintal, até que me dei conta que a garagem passaria exatamente sobre a planta, que teria que ser cortada. E foi. E o concreto veio por cima.

Eis que o arbusto de espinheira-santa caiu no esquecimento. Até um ano e meio mais tarde.

Do meio do concreto, pela lateral da garagem, um pequeno broto da espinheira-santa passou um ano e meio forçando e lutando pela sua vida, ziguezagueando espaços na escuridão em direção à luz. Na consciência vital das fortes raízes que ficaram, a planta buscou espaços milimétricos para romper a dureza do concreto, e surgir de volta para o mundo. Ela cresceu. De tempos em tempos eu precisava dar uma podada, mas nunca mais tive coragem de cortá-la. Ela venceu seu próprio túmulo.

Assim são nossos sonhos. Eles se debatem dentro de nós. Eles sabem quem somos e quem podemos ser. Eles também têm uma consciência vital. Eles estão, tal qual o exemplo da espinheira-santa, procurando brechas para chegar à luz. 

*  *  *

Quando o exercício do leito de morte acaba, um sentimento de alívio muito forte tomou conta de mim. "Ufa, eu estou vivo"! E, apenas por me dar conta que eu estava VIVO, percebi a quantidade de coisas que tenho para realizar, de sentimentos bons para compartilhar, de pessoas que tenho HOJE que dizer que amo, que viver a gratidão é uma arte, e que é preciso praticar o perdão, em seu mais profundo senso, começando primeiramente a perdoar a mim mesmo.

Invista, e invista muito, em seus sonhos. Outro dia, ouvi que "a cada sonho abandonado, um anjo fica desempregado"...

Está difícil de "quebrar o concreto e alcançar a luz?"

O Coaching está aí para você.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli