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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O momento da mudança (1)

Se aparecesse na sua frente um grande botão vermelho escrito "surpresa", que indicaria uma mudança em sua vida, você o apertaria?

"Nada é permanente, exceto a mudança". Como as palavras de Heráclito chegam a você? Como uma bênção ou como uma ameaça?

Existem as mudanças geradas a partir de nossa própria iniciativa. Nessas, buscamos passar para um estado melhor das coisas. Tornar-se o proprietário de um carro, comprar uma casa nova, passar a morar com alguém ou mudar de emprego são alguns exemplos. E existem também as mudanças geradas pelo fluxo dos acontecimentos. Nesses casos, não há um controle inicial do processo, como um revés financeiro, uma demissão ou a perda de um familiar.

Em quaisquer dos casos, um processo de Coaching foca a mudança em si e inspira o cliente a definir estratégias para que se trabalhe com a mudança, ao invés de se trabalhar contra ela, uma vez que se evidenciam primeiramente os aspectos pessoais no que toca a mudança, nas formas que as pessoas envolvidas na mudança se comportam, pensam e agem.

Nesse artigo, vou enfatizar o tipo de mudança imposta sobre nós, Aquela que não escolhemos. Aquela que ocorre mesmo sem apertarmos o botão vermelho.

O livro Sobre a Morte e o Morrer, de Elizabeth Kübler-Ross (Martins Fontes, 2008, 9a. ed.), que apesar da temática da morte, vem sendo utilizado também nos ambientes corporativos nas questões de resistência nas mudanças estruturais das empresas, traz o seguinte modelo no que se refere às mudanças não planejadas:

A linha refere-se a uma maior (topos) ou menor (pontos mais baixos) condição psicológica de se lidar com os eventos indesejados. De uma situação inicial (status quo, o terreno conhecido), para a ocorrência da mudança, o comportamento mais comum é que se procure manter essa situação mesmo após a mudança acontecer, uma vez que a condição já é familiar, e assim, teoricamente "segura". Quando se percebe que o status quo mudou em definitivo, ocorre o choque e os sentimentos de medo do desconhecido, em maior ou menor grau. A curva artificialmente se eleva quando se inicia o processo de negação, um momento de resistência onde procuram-se culpados pela nova situação, e quando parece ser suficiente que se resista àquela novidade para que ela não exista. As pessoas apresentam uma falsa percepção de como lidar com aquele momento.  Este, aliás, é um comportamento que pode solidificar-se em algumas pessoas, refreando-as de aprendizados com esta ou outras mudanças na vida. Superada essa etapa, segue um processo de queda da linha, onde ocorre a conscientização de que a o status quo não é mais o mesmo que o inicial, podendo ser o momento mais desafiador da mudança, uma vez que as pessoas podem começar a questionar suas próprias capacidades de lidar com a nova situação.  E a depressão costuma morar nessas redondezas.

O momento da virada se dá quando ocorre a aceitação da mudança. As pessoas tomam responsabilidade pessoal sobre como encarar a mudança e deixam de resistir e permitem-se aprender com o fato novo. A partir de então, pela observação de exemplos e pelo aprendizado que a nova postura gera, a pessoa passa a ascender na curva, integrando novas capacidades e habilidades que a experiência da mudança lhe causou, iniciando um novo status quo.

De modo geral, as pessoas emergem desse mergulho psicológico mais flexíveis e com novos conhecimentos, uma vez que precisaram aprender a desenvolver habilidades para lidar com o novo estado das coisas. A autopercepção das competências das pessoas que chegam a esse patamar cresce, e muito, assim como sua própria força psicológica.

Conhecer a si mesmo é fundamental a fim de gerar resiliência suficiente para que o intervalo entre o primeiro e o último status quo do processo ocorra de modo mais linear, com o menor geração de stress possível. Para isso, aliar a sabedoria de quem de fato você é, quais são seus valores, suas crenças e suas capacidades com as novas situações é fundamental para que o medo que as mudanças não planejadas trazem nos paralise.

O medo mesmo pode nem ser das mudanças. Nem das consequências das mudanças. O medo pode, no fim das contas, ser mesmo uma reação ao que conhecemos de nosso mapa mental, que pode estar cheio de pontos cegos e nunca explorados. E exatamente nesses pontos podem estar nossos mais poderosos recursos para se lidar com o momento da mudança.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


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