Um copo que, às vezes, está transbordando. Às vezes, está pela metade. Às vezes, está completamente vazio.
É da natureza humana o desafio de carregar esse copo d'água nas mãos. Não é possível se desfazer dele. A questão é conhecer e saber administrar o conteúdo desse copo.
Mesmo parados, haverá momentos em que a terra ao nosso redor vai tremer, agitando a água dentro do copo. Dependerá de nossa capacidade de equilíbrio que essa valiosa água não caia e se desperdice. Haverá outros momentos em que, apesar do mundo exterior estar calmo, nossa própria mão não estará firme o suficiente, colocando em risco o conteúdo do copo.
Passaremos por situações onde não haverá sequer um pingo d'água nesse copo. Nesses momentos, caberá a cada um de nós descobrir o porquê da secura desse copo, uma vez que, apesar de ser melhor manejado, corremos o sério risco de morrermos desidratados.
Haverá situações em que desejaremos esperar pelo melhor momento para iniciarmos alguma ação, visto que o risco de derramar a água é grande. E também situações que não teremos escolha: seremos passageiros de uma verdadeira montanha-russa com esse valioso copo d'água nas mãos.
Fases em que esconderemos esse copo d'água dos outros, julgando que somos os únicos seres a andar com um copo na mão pelo mundo. Momentos que esse copo transbordará e violentamente molhará os outros que estiverem ao redor.
Circunstâncias que, talvez, precisaremos de ajuda para equilibrar o agito de nossa água. Circunstâncias outras que outros portadores de copos mais agitados que os nossos acabarão por entornar nossa própria água.
Que aprendamos a carregar com carinho nosso copo d'água. Que seu conteúdo seja cristalino. Que, agitado ou calmo, sejamos capazes de controlá-lo e apreciá-lo. Que tenhamos sempre certeza de carregamos água limpa em nosso copo, e não veneno.
Para que possamos, no momento em que a sede emocional surgir, saber qual é a fonte que encherá nosso copo de água e de vida."
Marcelo Pelissioli