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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A vida é sobre andar de bicicleta

Você lembra quando ganhou sua primeira bicicleta? Lembra da expectativa, do tempo que precisou esperar, da incerteza se ganharia ou não?

Caso tenha tido esse momento em sua infância, procure lembrar-se dele. Da ocasião, da sua emoção, das pessoas que estavam ao redor, das cores, dos cheiros, dos sons... reviva esse momento!

Depois, você criou coragem para subir na bicicleta. Provavelmente, ela tinha rodinhas, e você só conseguia ir para a frente, e a balançava de um lado para o outro confiando nas rodinhas! Aos poucos, foi atrevendo-se a fazer curvas, foi percebendo o quanto o guidom precisava e podia ser movimentado para não cair e fazer a curva perfeitamente. Foi desenvolvendo equilíbrio suficiente para não encostar mais as rodinhas no chão, desafiando-se a ir o mais longe possível sem ouvir o som delas girando. 

Então, chega o dia que você vê sua bicicleta sem rodinhas.

Você já é capaz de andar sem rodinhas, mas a simples lembrança que não as tem causa desequilíbrio e assim, vem um tombo. Levanta, afinal, sempre te disseram que cair de uma bicicleta é parte do aprendizado, para logo cair de novo. E de novo. As cicatrizes, arranhões e ferimentos vão se tornando parte de sua rotina, até um momento que esse aprendizado está deixando de ser divertido. Joelhos, cotovelos, canelas, costas, seu corpo está cheio de escalavrões. 

Aí também você percebe que, mesmo com muitas feridas pelo corpo, elas têm o seu tempo, e vão cicatrizando. E você percebe que cada vez mais seu equilíbrio torna-se melhor, assim como suas pedaladas vão ficando mais firmes. Cada vez mais equilíbrio, e mais atitude.

Chego à conclusão que a vida é sobre andar de bicicleta. É viver a emoção dos nossos melhores momentos como se fôssemos aquela criança que ganhou sua primeira bicicleta. É ser humilde o suficiente para aceitarmos as rodinhas, sabendo que elas serão apenas amigas temporárias em nossa evolução. É ousar, fazer curvas e manobras as quais não estamos muito certos do desfecho, mas sempre aprender com essa ousadia. É inevitavelmente cair, e ao cair, não pensar muito, montar de novo e sair pedalando antes que o medo que nosso ego nos oferecerá tome conta de nós. É entender que andar de bicicleta requer equilíbrio, assim como fazemos ao identificar e gerenciar nossas emoções, e também atitude, pois sem atitudes, não evoluímos na vida, nem geramos pedaladas para nos mantermos em pé.

Essa criança corajosa que um dia você foi está aí dentro, ainda. Pode até não ter sido de bicicleta, mas se você levantou de todos os tombos que você tomou até hoje da vida, agradeça àquela criança. Ela nunca desistiu de você.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli




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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Admiráveis comportamentos novos

"Pane no sistema, alguém me desconfigurou/Aonde estão meus olhos de robô?/Eu não sabia, eu não tinha percebido/Eu sempre achei que era vivo/Parafuso e fluido em lugar de articulação/Até achava que aqui batia um coração/Nada é orgânico, é tudo programado/E eu achando que tinha me libertado/
Mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer/Reinstalar o sistema"

Assim é a letra da música "Admirável Chip Novo", da cantora Pitty. O robô acha que é um ser vivo, mas na verdade, ele é apenas manipulado por um sistema programado. E assim como ele, nós também.

O resultado final dessa manipulação se apresenta em forma de atitudes e comportamentos. O que fazemos, como reagimos, como lidamos com as situações do dia-a-dia, como nos relacionamos, tudo isso está relacionado a significados que vamos dando ao mundo ao longo a vida. E isso inclui os comportamentos dos quais costumamos nos arrepender, que nos sabotam e que nos limitam.

"Pense, fale, compre, beba/Leia, vote, não se esqueça/Use, seja, ouça, diga/Tenha, more, gaste, viva"

Dentro dos estudos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), nossas atitudes e comportamentos provêm de emoções, que são geradas por pensamentos, os quais são oriundos de nossos esquemas cognitivos ou crenças, como mais comumente se chamam. Como Coach alinhado à adaptação da TCC aos casos não-clínicos, o Coaching Cognitivo-Comportamental presencia essa realidade diariamente. Os comportamentos que temos tendem a vir de pensamentos automáticos, impregnados de emoção, e seguramente amparados na visão de mundo mais perfeita que cada um de nós conseguiu montar. E essa visão de mundo é como um verdadeiro iceberg, o qual só racionalizamos uma pequena parte. É a maior parte, submersa, obscura e desconhecida quem te manipula na maior parte do tempo.

Mudar comportamentos a partir dos próprios comportamentos é a mesma coisa que podar os galhos mais superficiais e as folhas de uma árvore. Enquanto a raiz estiver lá, os velhos padrões de comportamento voltarão. Isso porque a programação de uma árvore é funcionar assim. E de nossos comportamentos também.

Na letra da Pitty, a primeira mudança  que o robô teve de verdade foi perceber que ele não era um ser vivo, adquirindo a consciência de que ele era mesmo um robô. Confesso que no meu próprio processo de Coaching essa descoberta foi muito dolorosa. Descobrir que somos manipulados por crenças que nos impulsionam a comportamentos maléficos e limitantes pode ser chocante. Nossa primeira reação é a de resistir. Assim, aquilo de comportamento que está nos prejudicando precisa ser trabalhado a partir dos esquemas cognitivos, despertar para quais os pensamentos e quais emoções amparam esses esquemas para, por fim, chegar a fazer diferente.

Ou nos damos conta de nossos comportamentos e atitudes limitantes de uma vez, ou ficamos à mercê dessa manipulação, a qual somos vulneráveis enquanto não entendermos nosso próprio funcionamento.

"Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer/Reinstalar o sistema".

Os sistemas estão no ar, nos nossos significados da infância, na rua, nas redes sociais, na TV, na família, no casamento. Ou você os escolhe, ou eles serão instalados sem sua permissão. Ou você programa suas atitudes para que se alinhem à felicidade, equilíbrio e plenitude, ou o mundo se encarregará de fazer isso de qualquer jeito. E aí, seus comportamentos, que aparentemente são unicamente seus, estarão, na verdade, fora de seu controle.



Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli