Termo que vem primordialmente da física, e que conceitua o quanto de
energia ou pressão um material consegue suportar sem se romper e
voltar ao seu estado anterior, “resiliência” tem sido também,
nos últimos anos, um termo utilizado para designar o quanto de
reveses e intempéries uma pessoa é capaz de suportar física,
mental, espiritual e emocionalmente. É uma palavra que está no
vocabulário atual, a ponto de algumas pessoas reconhecerem-se como
“resilientes”.
Que a vida vai nos apresentar contextos desafiadores é fato. Que seremos personagens de contextos indesejados também. Assim, “ser resiliente” parece ser uma habilidade vantajosa de ser desenvolvida.
Mas como?
Só se conhece a resiliência de um material quando ele é testado na pressão. Será que para conhecermos nossa resiliência pessoal também precisamos de uma forte dose de sofrimento? E se não “passarmos no teste”, e nos despedaçarmos, nos mais diversos sentidos?
Suportar o sofrimento estoicamente até pode ter um quê de admirável, de romântico, do arquétipo de guerreiro. No fundo, se esse sofrimento não gerar aprendizado potencializador, acabará sendo perdida uma grande chance de evolução. Pensemos que, antes de associarmos resiliência pessoal à capacidade de aguentar o sofrimento por si só, a associemos à inteligência de encontrar as melhores estratégias para conviver e superar o contexto indesejado em que nos encontramos. Inteligência, aqui, trazida como uma capacidade de se resolver problemas com uma visão de futuro.
Encontrar caminhos, desenvolver táticas, aprimorar flexibilidade, fazer uso de nossas faculdades cognitivas e comunicativas, autoconhecer-se, agir ou não agir, todas essas são formas estratégicas de sermos resilientes em momentos de sofrimento. Pensemos que, de qualquer forma, a pressão continuará sendo exercida sobre nós, teremos que ser “fortes” de qualquer jeito, a diferença é que essa resiliência estratégica nos proporciona muito mais potencial para suplantarmos esses momentos e, finalmente, voltarmos a nossa forma inicial. Lembremos que essa é uma grande vantagem que temos sobre a borracha, o concreto, ou outro material sujeito a um teste de resiliência: a esses, só lhes resta suportar. A nós, é dado o dom da inteligência.
O sofrimento ou nos humaniza, ou nos embrutece. São nossas estratégias de resiliência que definirão o resultado.
Grato pela confiança,
Marcelo
Pelissiloli
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