Se o mundo se encaminha para uma realidade onde o diferencial
competitivo vai extrapolar a intelectualidade, residindo exatamente naquilo que
as máquinas ainda não conseguem emular de nós, humanos, como inteligência emocional,
empatia e resiliência, emerge uma tendência a ser adotada desde já por todos
que queiram ser parte atuante desse futuro que, na verdade, já começou: a adoção
do lifelong learning, ou seja, aprendizado contínuo ao longo da vida.
Se voltássemos 100 anos no tempo, veríamos pessoas dando conselhos
para crianças e jovens quanto a seus futuros profissionais que poderiam durar
por décadas. Hoje, o quê podemos aconselhar a uma criança, se nem ao mesmo
sabemos quais profissões sucumbirão com o tempo?
O melhor conselho e a melhor competência que podemos
desenvolver é exatamente a habilidade de aprender. E não só aprender, mas
também desaprender e reaprender. Para que isso ocorra, invariavelmente,
é necessário um processo de conexão, de duas formas.
A primeira forma para desenvolvermos a habilidade de
aprender é conectarmos os novos aprendizados com os aprendizados que já temos.
Não há aprendizado de fato sem que esse seja inteligível. Assim, todo
aprendizado se inicia mesmo antes de sua busca, com aquilo que já temos de
bagagem, de modo que, a nós, cabe o exercício de fazer sentido.
A segunda forma é a conexão do que estamos aprendendo ou
vivenciando com nossas próprias crenças, uma vez que a relação de ideias a
priori e a posteriori sofistica a capacidade de percepção da realidade
de cada um. Assim, muitos novos aprendizados só serão possíveis através do
entendimento e do aprimoramento das formas que temos de ver o mundo.
Por tudo isso, conexão é a palavra, mantendo-nos presentes
para o que está acontecendo de modo ativo. A aprendizagem de fato só ocorre
quando extraímos sentido da informação e experiência, servindo-nos para gerar
mudanças que nos tornarão mais instrumentalizados para viver o agora, mudanças
essas que gerarão novos conhecimentos, habilidades, experiências e
comportamentos.
Observar o mundo com a mente mais aberta, tornando-se uma
pessoa “ensinável” aos olhos da vida, não fará de ninguém uma pessoa “fraca”. Ao
contrário: procurar fazer hoje uma leitura de cenário melhor do que fizemos
ontem é sinal de que, hoje, estamos mais inteligentes do que ontem. Como disse
o escritor português Alexandre Herculano: “Eu não me envergonho de corrigir os
meus erros e mudar de opinião porque não me envergonho de raciocinar e aprender”.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli