"Era uma vez um fazendeiro chinês. Um dia, um de seus cavalos fugiu. Seus vizinhos vieram até ele, comentando como aquele acontecimento era um infortúnio. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, o cavalo que fugiu voltou, trazendo com ele sete cavalos selvagens. Os vizinhos apareceram novamente, dizendo que isso era uma grande sorte. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
Depois disso, o filho do fazendeiro tentou domar um dos cavalos selvagens e caiu, quebrando uma perna. Os vizinhos vieram lamentar o ocorrido, dizendo que aquilo era muito ruim. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, oficiais do exército que estava recrutando soldados apareceram, mas não levaram o filho do fazendeiro por conta da sua perna quebrada. Os vizinhos vieram ao fazendeiro falando sobre como aquilo era ótimo, e ele respondeu: “pode ser”.
A velha parábola acima vem nos despertar para que o que chamamos de realidade seja, na verdade, perspectiva. Todos os acontecimentos podem ser interpretados a partir de diferentes pontos de vista.
Nossas crenças inconscientes e experiências passadas agem como verdadeiros filtros que regulam nossa capacidade de olhar para a realidade do que está acontecendo conosco e no mundo. Um dos preceitos básicos da Programação Neurolinguística (PNL) é que "o mapa não é o território", ou seja nossa perspectiva (o mapa) é uma representação da realidade (o território). Assim, nossos mapas apenas definem o que acreditamos ser o território por onde andamos.
Reestruturar contextos e conteúdos de modo que encontremos significados mais úteis para qualquer experiência, a fim de que possamos torná-las algo que trabalhe positiva e construtivamente por nós, e não destrutivamente contra nos, é a chave do sucesso nessa questão. É o que a PNL chama de "ressignificação".
Ainda que os fatos por si só sejam neutros, de nenhum modo reestruturar ou ressignificar contextos ou conteúdos quer dizer que determinados acontecimentos não sejam problemas reais. Não é negá-los. É, sim, ter uma conversa interna de modo que a criatividade aflore com respostas que serão muito mais ricas e inspiradoras. Pense como um general que, ao ter recuar em uma batalha, vê o movimento como "o avanço em outra direção".
Nossa interpretação do que acontece é que será determinante na forma como lidaremos com os fatos. É um grande desafio, sem dúvida. Pode requerer prática constante. Contudo, é um desafio capaz de nos conceder o poder de decisão entre a escolha consciente de nossas reações ou entregar-se automaticamente à dimensão de vítima sem recursos.
É um exercício onde, como diria o velho fazendeiro chinês, tudo "pode ser" algo mais.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
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