Estar com os pés no chão pode significar viver na segurança de sua própria lógica de planejamento, nos limites daquilo que se entende por "realidade". Mas o que é real? Os fatos em si ou nossa interpretação deles? Que "chão" é esse?
Estar com os pés no chão pode ser estar sobre sólido suporte, em terreno firme, conhecido. Mesmo assim, como reconhecer de fato a firmeza de um terreno? "É" firme, ou "acreditamos" que é firme? Conhecemos esse terreno, ou acreditamos que conhecemos?
Estar com os pés no chão é comportamento comparado com a humildade. Serão esses pés humildes voluntários em aceitar sua condição de estarem no chão, ou pobres, descalços, e sentindo o frio da escassez imposta pela própria falta de perspectivas?
Estar com os pés no chão pode ser sinônimo de criar raízes. Serão essas raízes a estabilidade necessária para os duros dias de tempestades, ou verdadeiras âncoras que impedem que alcemos voo?
Qual o peso das responsabilidades sobre nossos ombros, pressionando nossos pés contra o chão? É excessivo, a ponto de fazer-nos menores do que somos por estarmos sendo praticamente enterrados no solo, ou tão leve que sejamos tal qual uma pluma sem direção ao sabor do vento?
O chão que sustenta nossos pés hoje pode não ser o mesmo amanhã. Nossos pés podem não ser os mesmos amanhã. O mundo pode não ser o mesmo amanhã.
Seja em escala micro ou macroscópica, o movimento é a única constante no Universo. Estar com os pés no chão também é, inevitavelmente, estar indo em alguma direção.
Os teus "pés no chão" estão te levando para onde?
Marcelo Pelissioli
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