Em seu sentido literal, poesia é um trabalho de composição
harmônica de versos e palavras em busca de geração de emoções, sentimentos e sensações.
E o que é nossa vida, no final das
contas, senão uma busca existencial incessante por harmonia também de emoções, sentimentos e sensações?
Vindo do mesmo grupo etimológico,
os antigos gregos tinham a palavra poiesis,
conceito que significava “aquilo que se cria”, “a obra construída”. Essa
concepção era aprofundada em diversas dimensões da vida, fosse a “construção de
uma família”, o fazer algo bem feito, ou ainda, relacionado a uma profissão ou
ocupação. Assim, trabalhar e viver sua poiesis
adquiria um sentido mais intenso do que simplesmente ganhar dinheiro e
sobreviver aos dias: vivia-se pela “sua obra”, por sua história e seu legado. E
essa “obra” era como se fosse uma verdadeira “obra” de arte: havia de despertar
emoções, como se todos fossem verdadeiros artistas no exercício de suas vidas.
Esse anseio poético pelo seu
ofício nunca deixou de existir. Porém, o quanto da qualidade dessa poesia vem
sendo negligenciada em nossos dias?
Como é vertiginosa a rotina
profissional de apenas trabalhar sem uma perspectiva emocional de plenitude,
sem ver propósito no que se faz, sem conseguir transformar seu trabalho em uma “obra”
digna para si mesmo. Seja qual for nossa ocupação profissional, façamos dela
algo que seja como a poesia: harmônica para nós mesmos e para o bem comum, que todos
possam usufruir de bons sentimentos a partir de nossas obras.
Que possamos resgatar a poiesis grega em nosso dia-a-dia, nas
atitudes que tivermos com relação a nós mesmos e com os outros, seja na vida
profissional ou pessoal. Que esse resgate signifique a completude emocional em
relação à “obra” de nossas vidas.
Nesse sentido, talvez nossa vida
venha sendo uma poesia triste. Talvez feliz. De qualquer forma, a verdade é que
vivemos de nossas histórias. Vivemos de poesia.
E como essa poesia entrará no livro dos
dias da eternidade dependerá do conjunto das obras de cada um de nós.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
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