expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 21 de janeiro de 2018

Cultura organizacional: a base do iceberg

“A cultura organizacional devora a estratégia no café da manhã”. A famosa frase duvidosamente atribuída a um dos pais da Administração moderna, Peter Drucker é, contudo, uma interessante compilação de suas ideias sobre o tema. Ela não quer, de forma nenhuma, minimizar a relevância do planejamento nos ambientes corporativos, mas sim, enfatizar a relevância do desenvolvimento de comportamentos e práticas organizacionais que possibilitem a execução das estratégias da melhor forma possível.

Em geral, mesmo que empresas já no papel tenham seus conceitos de missão, visão e valores, será a disseminação e a prática desses conceitos que os validará. Práticas essas que são originárias das mais profundas crenças que a organização tem, as quais, por sua vez, geram ações, que geram resultados. Quando há desalinhamento entre os conceitos escritos e os de fato praticados, uma cultura alheia àquela que a organização entende ter começa a se estabelecer, pois a presença de cultura organizacional é tácita, de uma forma ou de outra.  Se a organização não se preocupar em cultivar sua cultura através de ações, facilmente os colaboradores construirão por si mesmos uma cultura do ambiente e, nesse momento, a organização pode se arriscar a ver implementados hábitos, costumes e comportamentos desalinhados com o que a direção ou os fundadores da empresa acreditam. Nascem “líderes de vícios”, pessoas que vão ampliando distorções na cultura almejada através de ciclos de feedback e de reforço oriundos de práticas viciadas que vão se perpetuando.

Diversos elementos vão sendo acrescentados a um caldeirão de onde a cultura organizacional emerge: qualidade de governança, processos, estrutura, metas, pessoas, entre outros.  A combinação desses elementos gera verdadeiros “símbolos” dentro de uma corporação, um processo semiótico que desemboca na prática de rituais e rotinas entendidos como os mais apropriados em determinados contextos, seja nas mesas de escritório, seja no chão da fábrica. Ambos cliente interno (colaboradores) e  cliente externo (quem adquire produtos ou serviços) sentem os efeitos do resultado dessa mistura de fatores, seja para o bem, seja para o mal.

Imageticamente, a cultura de uma empresa pode ser comparada a um iceberg. A parte visível, aquela orientada às tarefas, compõe uma pequena parte do todo do gigantesco bloco de gelo, que é sustentado pela parte submersa dezenas de vezes maior, aquela que não se vê, e que pode corresponder, em uma empresa, aos padrões também não visíveis , como o clima organizacional, os processos sociais, psicológicos e comportamentais.


Por tratar-se de cultura, não cabem conceitos como certo ou errado. O que há são culturas organizacionais diferentes. Ainda assim, buscar o equilíbrio e o alinhamento entre a base e o topo do iceberg organizacional é trabalho fundamental para qualquer instituição que sinceramente almeje a concretização de seus melhores planos e o cumprimento de sua missão.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Derrubando a quarta parede

Existe um termo do teatro que se chama "quarta parede". É como se houvesse uma imaginária  parede transparente em frente ao palco. Ampliado para cinema, televisão e literatura, esse termo indica que toda a ação apresentada se dá, simbolicamente, em um ambiente todo fechado dentro de sua própria representação, onde os atores e personagens não podem ver ou interagir com o público, mas que a plateia, sejam expectadores ou leitores, pode presenciar o desenrolar da obra.


Muito comum é a comparação da vida com uma história que vai se escrevendo todos os dias. Com isso, quantas questões podem surgir: qual tem sido o enredo e o gênero dessa história? Qual é o nosso lugar na história de nossa própria vida: protagonista ou coadjuvante? Quem são os personagens que nos cercam? Quantas reviravoltas podem acontecer? Qual é a situação atual? Qual é o desfecho esperado? 

Acontece que mesmo sendo a vida uma história, ela não é uma representação fictícia. Ela é real As páginas escritas todos os dias são registradas para sempre. Os personagens sofrem e desfrutam consequências reais por suas ações todo o tempo. O ritmo dessa narrativa vai, em grande parte das vezes, já deixando pistas de qual será o seu desenlace.

A vida "real" está do outro lado da proteção da quarta parede.

Ainda bem que existe um recurso o qual é também um conceito teatral, em que os personagens interagem com a plateia, falam com a câmera ou dirigem-se ao leitor: "derrubar a quarta parede".  O efeito esperado é tornar menos fictícia a representação da história, de modo que a plateia participe de forma mas ativa e rompa a atmosfera de fantasia a qual estava antes confortável e passivamente inserida. Que sinta-se do lado de dentro da história.

Chega um momento em nossas vidas que precisamos descobrir o que é ficção e o que é realidade. Sobre qual é a história que estamos contando para nós mesmos apenas para manter nosso ego sob controle, e qual é a história que sabemos que nascemos para vivenciar.

Onde estamos na narrativa de nossa vida? Atrás da quarta parede? Na plateia? Sendo coadjuvantes de sonhos alheios? Ou ativamente, interagindo com a vida, sendo personagem principal de uma linda e profunda história, que deixa boas lições a quem por ela se interessar?

Nossa vida está em cartaz, aproveite-a da forma mais real possível!

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli