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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Vivendo no mundo VUCA


Com o fim da Guerra Fria, estudos geopolíticos e sociais foram realizados para se procurar entender qual modelo de mundo de ergueria daqueles tempos e adentraria o século XXI. A Academia do Exército Americano, nos anos 90, concluiu esse estudo denominando a nova ordem mundial com o acrônimo de VUCA (volatity, uncertainty, complexity e ambiguity), ou seja, o mundo seria mais volátil, mais incerto, mais complexo e mais ambíguo.

Uma sensação de estarmos fora de controle no espectro social, político e econômico pode ser uma das provas mais claras que o mundo VUCA é uma realidade. As grandes empresas não demoraram para assimilar esse conceito, desenvolvendo planejamentos estratégicos onde a rápida capacidade de resposta às demandas do ambiente é tão ou mais importante do que visualizar cenários de longo prazo.

Da maneira que for, todas essas mudanças desembocam no ser humano, que precisa desenvolver recursos para viver nesse ambiente volátil, incerto, complexo e ambíguo. 

Conviver com a volatidade é desenvolver recursos para se lidar com o inesperado. Não parece mais haver um caminho estruturado para se chegar aos objetivos. Desenvolver resiliência para adaptar-se aos novos cenários e manter-se íntegro perante bruscas mudanças que esse mundo propõe é uma das chaves para se lidar com essa perspectiva. Um mundo guiado pela incerteza nos abre os olhos para como podem ser imprevisíveis as consequências das mudanças, mesmo que tenhamos entendimento das relações de causa e efeito. Há de se instrumentalizar com flexibilidade para se encontrar diferentes opções de se vencerem os desafios. A complexidade do mundo VUCA enfatiza a ampliação da conectividade e a interdependência entre relações, o que aumenta de forma descontrolada o número de variáveis as quais precisamos manejar. Apesar de não ser possível prever os resultados tão facilmente, essa complexidade pode ser gerenciada a partir do contato multidisciplinar de fontes de conhecimento, pois quanto mais nos aprofundarmos nos mais variados campos de conhecimento, melhor será nossa capacidade de administrar essa diversidade de variáveis. Por fim, viver em um mundo ambíguo significa precisar conviver com muitas formas diferentes de interpretação de um mesmo fato. Muitos olhares e muitas visões de mundo tornam os cenários bastante movediços. Tomar decisões, nesse contexto ambíguo é posicionar-se e, para isso, é necessário coragem. Mesmo assim, nossos posicionamentos precisam gerar aprendizados que vêm da ação, tanto a partir dos acertos quanto dos erros.

Tão importante como conhecermos a nós mesmos é conhecer o contexto onde estamos. Aprimorar os recursos internos necessários para viver nos diferentes mundos que nós, seres humanos, já nos adaptamos, é o que vem nos mantendo nesse mundo como espécie, seja no mundo das cavernas, seja no mundo VUCA.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Homeostase do corpo e da alma

Teria sido uma aula de biologia perdida nos porões da memória, não fosse pelo termo que a professora utilizou, e do qual nunca me esqueci: homeostase. Naquela tarde de algum ano de alguma década passada, aprendi que homeostase relacionava-se ao perfeito equilíbrio de um organismo vivo, a qual, através de regulações internas dinâmicas e funcionais, mantinham o corpo de um ser vivo estável a ponto de a vida poder ser mantida. São conhecidas diversas situações que podem colocar a homeostase em risco e, consequentemente, a vida, como alterações de temperatura, níveis de pH, concentração desregulada de nutrientes como a glicose, falta de absorção de oxigênio, entre outros. 

Somos a geração que tem obtido os melhores resultados em termos de longevidade. Para se ter uma ideia, nos últimos 15 anos, a expectativa de vida no mundo aumentou em 5 anos. Graças a muitos avanços na área da Medicina, aliado a cada vez mais acesso à informação, conseguimos manter nossa homeostase por mais tempo. Porém, qual tem sido a qualidade desses nossos anos a mais em nossa jornada nesse planeta?

A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 700 milhões de pessoas ao redor do mundo sofram de transtornos de ordem mental, como depressão, ansiedade,  síndromes de pânico e diversos tipos de psicose. Além disso, é considerável o aumento de diagnósticos de doenças psicossomáticas, aquelas que são originadas das emoções mal administradas e que têm efeitos sobre o corpo físico, como doenças de pele, desordens intestinais, estomacais, alterações na pressão sanguínea e tensões musculares e nervosas pelo corpo. Assim, apesar de vivermos mais, corremos mais risco atualmente de não conseguirmos aproveitar nossas vidas com mais qualidade, principalmente quando o stress está instalado em nosso corpo.

Stress, em Inglês, não significa nada mais do que "pressão, força exercida sobre, ênfase". Existem diversos momentos de nosso dia em que é necessário fazer uma força a mais, chegar um pouco além, estarmos preocupados com algo, "esticar a corda". O problema real começa quando essa força física e mental extra nunca deixa de ser exercida, pois demanda do corpo uma produção exagerada de hormônios como cortisol, adrenalina e noradrenalina.  A produção exagerada desses hormônios têm resultados visíveis na homeostase, como aumento da frequência cardíaca, aumento dos níveis de açúcar no sangue, estreitamento dos vasos sanguíneos, tensões musculares, entre outros, incluindo diabetes. 

Precisamos diminuir nossos níveis desses hormônios no corpo. Se esses níveis não diminuírem, eles, em breve, cobrarão seu preço. Precisamos refletir sobre a manutenção de nossas vidas não apenas em nível corporal, mas também espiritual, uma vez que os métodos indicados pela medicina tradicional receitam exatamente o relaxamento: procurar dormir bem, exercitar-se, reconhecer pensamentos estressantes e aprender a lidar com eles, divertir-se mais, consumir alimentos mais saudáveis com mais frequência, conectar-se com outras pessoas e/ou com o divino e, acima de tudo, respirar. Sim, respirar. Seja com meditação, com yoga, ou apenas com um simples exercício de respiração atento, de forma lenta, profunda e ritmada. Práticas que tornam possível uma verdadeira homeostase da alma. E que vão refletir na homeostase do corpo.

Esse texto foi escrito por diversas mãos. Além das minhas, pelos meus mestres que me ensinaram o Coaching, e me proporcionaram ampliar minha consciência. Por minha médica, a qual exigiu de mim praticar técnicas de respiração mais seguidamente para minha que minha homeostase se reequilibrasse, depois do meu último check-up. E por uma professora de biologia que nem lembro o nome, mas cujo ensinamentos atravessaram os anos e desembocaram nessa reflexão.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli