Com o fim da Guerra Fria, estudos geopolíticos e sociais foram realizados para se procurar entender qual modelo de mundo de ergueria daqueles tempos e adentraria o século XXI. A Academia do Exército Americano, nos anos 90, concluiu esse estudo denominando a nova ordem mundial com o acrônimo de VUCA (volatity, uncertainty, complexity e ambiguity), ou seja, o mundo seria mais volátil, mais incerto, mais complexo e mais ambíguo.
Uma sensação de estarmos fora de controle no espectro social, político e econômico pode ser uma das provas mais claras que o mundo VUCA é uma realidade. As grandes empresas não demoraram para assimilar esse conceito, desenvolvendo planejamentos estratégicos onde a rápida capacidade de resposta às demandas do ambiente é tão ou mais importante do que visualizar cenários de longo prazo.
Da maneira que for, todas essas mudanças desembocam no ser humano, que precisa desenvolver recursos para viver nesse ambiente volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Conviver com a volatidade é desenvolver recursos para se lidar com o inesperado. Não parece mais haver um caminho estruturado para se chegar aos objetivos. Desenvolver resiliência para adaptar-se aos novos cenários e manter-se íntegro perante bruscas mudanças que esse mundo propõe é uma das chaves para se lidar com essa perspectiva. Um mundo guiado pela incerteza nos abre os olhos para como podem ser imprevisíveis as consequências das mudanças, mesmo que tenhamos entendimento das relações de causa e efeito. Há de se instrumentalizar com flexibilidade para se encontrar diferentes opções de se vencerem os desafios. A complexidade do mundo VUCA enfatiza a ampliação da conectividade e a interdependência entre relações, o que aumenta de forma descontrolada o número de variáveis as quais precisamos manejar. Apesar de não ser possível prever os resultados tão facilmente, essa complexidade pode ser gerenciada a partir do contato multidisciplinar de fontes de conhecimento, pois quanto mais nos aprofundarmos nos mais variados campos de conhecimento, melhor será nossa capacidade de administrar essa diversidade de variáveis. Por fim, viver em um mundo ambíguo significa precisar conviver com muitas formas diferentes de interpretação de um mesmo fato. Muitos olhares e muitas visões de mundo tornam os cenários bastante movediços. Tomar decisões, nesse contexto ambíguo é posicionar-se e, para isso, é necessário coragem. Mesmo assim, nossos posicionamentos precisam gerar aprendizados que vêm da ação, tanto a partir dos acertos quanto dos erros.
Tão importante como conhecermos a nós mesmos é conhecer o contexto onde estamos. Aprimorar os recursos internos necessários para viver nos diferentes mundos que nós, seres humanos, já nos adaptamos, é o que vem nos mantendo nesse mundo como espécie, seja no mundo das cavernas, seja no mundo VUCA.
Marcelo Pelissioli
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