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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Gestão de conflitos no trabalho: "se queres a paz, prepara-te para a guerra"

Se levarmos em consideração que a história identifica apenas 286 anos de paz nos últimos 3500 da humanidade, o conflito parece ser, inevitavelmente, parte da psique humana. E, mais do que os danos causados por conflitos mal administrados, os efeitos colaterais são sentimentos como remorso, intolerância, medo e desejo de vingança. Como nossas ações provêm de nossos sentimentos, podemos começar a calcular o efeito devastador que a falta de administração dos choques das necessidades humanas podem ter em nossas vidas.

Sim, porque apesar de ser representado das mais diferentes formas, um conflito é um choque de necessidades, que pode ocorrer entre indivíduos, entre grupos ou até entre países. Os interesses próprios, quando pressentem que podem ser afetados negativamente por outra parte, reagem baseados nos mapas mentais das pessoas. E algo inato no ser humano é a reação dicotômica do "lutar ou fugir", ou seja, ou ataca-se a causa do obstáculo à obtenção do que é de interesse, ou desiste-se, abafando e suprimindo objetivos e aspirações. Ainda bem que o estudo da Gestão de Conflitos avançou muito nas últimas décadas, o que nos instrumentaliza para lidarmos com situações de impasse da maneira mais eficaz possível.

Uma empresa pode ser a organização social mais propícia para o aparecimento de conflitos. Obviamente, vivenciamos conflitos na vida pessoal também, com uma diferença: as relações pessoais são mais permeáveis à emotividade (tanto para o bem quanto para o mal), o que faz com que, apesar de mais intensos, esses conflitos tenham uma possibilidade e um desejo de resolução mais genuíno. Em uma empresa, onde, apesar do convívio diário com colegas e chefes, somos influenciados por outros fatores como cultura e clima organizacional, o principal motivo de estarmos lá é para suprirmos necessidades, que vão desde as mais básicas, como suporte financeiro, até as mais elevadas, como a necessidade de autorrealização. O elemento emocional direciona seu vetor para a sobrevivência, para a parte do nosso cérebro responsável por posicionar a chave em "lutar" ou "fugir". Com isso, a as técnicas empregadas na Gestão de Conflitos dependerão muito do nível de inteligência emocional dos envolvidos. Daí, a necessidade do conhecimento mais aprofundado no tema. 

Mesmo que o termo "conflito" carregue uma conotação negativa, as práticas de Gestão de Conflitos atuais já são capazes de processar o que há de positivo em uma contenda, de modo a estimular não que sejam evitados, mas sim, que sejam vivenciados da maneira mais proveitosa. Para isso, alguns cuidados fundamentais são, por exemplo, o de manter o conflito no campo das ideias, de modo que não avancem para o campo dos valores pessoais. O gestor de conflitos precisa ter uma visão macro da situação, assim como deixar claras as intenções por trás de um desentendimento, sendo firme com o problema a ser resolvido em si, e não necessariamente com as pessoas. O ápice da prática da Gestão de Conflitos está na transformação de um conflito disfuncional (que causa rupturas e sérias consequências à empresa) em um conflito funcional (capaz de desenvolver a capacidade intelectual e a mudança positiva dos envolvidos e do ambiente).

Um profissional ou uma empresa que não gerencie seus conflitos está rolando com uma bola de neve morro abaixo. Mais cedo ou mais tarde, não haverá mais controle. Algumas consequências da falta de controle sobre os conflitos são a perda de produtividade, queda de moral, quebra de regulamentos e a perda de sinergia nas equipes, fatos que geram altos custos à empresa. O aperfeiçoamento da Gestão de Conflitos oportuniza a criação de situações ganha-ganha, onde descobrem-se espaços para negociação e concordância onde parecia não haver nenhum, através de estímulos à criatividade e sofisticação dos processos comunicativos.

Quantas contratações já foram feitas por necessidades técnicas e acabaram em demissões por deficiências comportamentais? Já que viver conflitos parece mesmo ser inevitável, busquemos a paz resolvendo primeiramente nossos próprios conflitos interiores, para sermos profissionais capazes de vencer as guerras diárias com a arma mais poderosa que o ser humano tem: a própria inteligência, em suas mais sutis nuanças. É ela que, apesar de tanta guerra, vem nos mantendo nesse mundo por milênios.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


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