“Estou nesse avião novamente, ansioso para a decolagem e
para as longas horas que ficarei aqui sentado e tenso, até chegar à França.
Alguns passageiros vêm se encaminhando para seus assentos, colocando seus
pertences no bagageiro, outros já estão sentados. De repente, o movimento
dentro do avião cessa, e a aeronave lentamente começa a se movimentar. Nesse
momento, uma chuva torrencial cai, e o avião muda sua rota de decolagem. Pela
janela, vejo que ele está à beira de um altíssimo morro de terra vermelha, e
entendo que ele precisa descer esse morro para conseguir ganhar impulso para a
decolagem. Sinto o corpo todo enrijecido pela tensão, perguntando-me se,
naquele temporal, conseguiremos mesmo chegar à França”.
Este foi o sonho que tive na madrugada de 02 de junho de
2020. É a terceira vez nos últimos dias que sonho com aviões e França. A maior
curiosidade aqui não é o sonho recorrente, mas é eu pessoalmente lembrar de
meus sonhos, coisa que dificilmente consigo.
A ciência já comprova que os sonhos são um dos mecanismos
usados pelo cérebro para a regulação emocional e formação de memórias de longo
prazo, valendo-se em grande parte de metáforas de cunho inconsciente e pessoal.
Assim, duas pessoas que sonham com a mesma coisa podem ter razões distintas
para tal.
Sabendo disso, saio à pesquisa de alguma relação entre o
momento da pandemia e a alteração da capacidade de recordação e recorrência de sonhos,
e descubro que sim, há estudos sobre o que vem sendo chamado de pandemic dreams, ou sonhos da pandemia. A mudança de rotinas, de locais frequentados, a incerteza
dos eventos futuros e o stress
causado por todo isso têm elevado em 35% a ocorrência de sonhos repetidos e rememorados
por pessoas que não costumam lembrar de seus sonhos. Saliente-se que esse é um
mecanismo natural do corpo e de nossa psique, que indica que mais pessoas têm
tido sonhos mais vívidos, detalhados e marcantes, além de terem acordado mais vezes durante seus sonhos, o que
colabora com a sua manutenção na memória.
Como o vírus é obviamente invisível, cada pessoa tem dado a
ele uma significação em seus sonhos, que está longe de poder ser interpretada
por livros popularescos. O que fica como a maior interpretação desses sonhos é
a demonstração de como andam nossas emoções em nossos porões psicológicos e,
com essa análise e entendimento, criar planos de ação para a manutenção de
nossa saúde física, com a atenção e proteção que o momento exige, e também de
nossa saúde mental, na medida em que ambas são pilares de nossa qualidade de
vida e propulsores para nossos objetivos.
Assim, nossos sonhos podem ser boas demonstrações
de nosso momento atual, e nos dar pistas de como seguir adiante, equalizando a velocidade,
profundidade e o impacto de nossas ações.
O Coaching preconiza o movimento embasado nas condições que
cada pessoa tem de se movimentar, ampliando sua perspectiva à medida que o
caminho possa ser construído. Que bom que me surgiu esse estudo para entender
melhor esse meu momento e de meus sonhos. Pesquisa, aliás, realizada pelo
Centro de Pesquisas de Neurociência de Lyon.
Lyon, na França.
Lyon, na França.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
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