Pessoalmente, sempre vi o corpo humano como uma sistema no qual o cérebro soberanamente envia ordens e informações ao restante dos órgãos e tecidos. Se fosse numa empresa, seria aquela dinâmica tradicional do “chefe manda, subordinado obedece”, mais modernamente chamada de top-down approach na Administração.
Mas não é assim que funciona. E descobri isso de duas
formas: com a inteligência mental e consciente do cérebro, e com a inteligência
corporal e inconsciente dos sentimentos. Em outras palavras: na prática.
Aprendi que grande parte do movimento das informações que
transitam entre os órgãos e o cérebro tem origem nos próprios órgãos, indo em
direção ao cérebro, e não ao contrário. Ou seja, as informações “sobem”, e não
necessariamente “descem”. Na Administração, chamaríamos essa abordagem de bottom-up.
Dos órgãos, toda informação que sai é daquilo que é oriundo das emoções e
sentimentos, através da química corporal.
Nosso corpo é formado
por bilhões de neurônios, dos mais variados tipos e especificidades, os
quais, por mais incrível que possa parecer, não estão apenas no cérebro, mas espalhados pelos órgãos, os quais, por
essa razão, conseguem apresentar até mesmo tipos autônomos de inteligência.
Exemplos são os intestinos, considerado por muitos médicos como um “segundo
cérebro”, por seu funcionamento estar atrelado a condições gerais do organismo,
pela grande quantidade de neurônios presentes no órgão, e até mesmo por ser o
único órgão do corpo que pode funcionar de modo autônomo em suas tomadas de
decisão, sem precisar que o cérebro o diga o que fazer. O próprio coração já
vem sendo estudado em algumas de suas particularidades, aparentando algumas
características como se agisse como um cérebro primitivo, por também funcionar
de acordo com condições que vão além do físico, tendo inclusive, nuances de memórias
próprias.
Fatores de desequilíbrio orgânico, entre eles o estresse,
ansiedade, medo e depressão acionam um verdadeiro piloto automático em nossas vidas, algumas vezes a partir de
fatores bem definidos, mas na maioria das vezes são questões cumulativas,
pequenas, detalhes do dia-a-dia que não prestamos a devida atenção, detalhes
esses que nosso organismo, para suportar, precisa gerar quantidades de
neurotransmissores e hormônios para nos deixar em estado de prontidão. Nosso
sistema nervoso tende a voltar do estado de prontidão constante ao estado
natural de funcionamento depois que conscientemente entendemos que o perigo,
real ou imaginário, passou, só que as toxinas deixadas em nosso organismo
continuarão lá. Acumulando. Acumulando.
Acumulando. Quando menos esperamos, sorrateiramente nosso organismo está
empapado por grandes doses de toxinas, rastros
de momentos de tensão que viram um verdadeiro veneno ao corpo. Com isso, nossos órgãos não conseguem se valer de
suas inteligências normais e acabam reagindo de modos inesperados. O resultado
disso são os problemas de saúde e doenças que se estabelecem, tudo porque
deixamos abertas portas e janelas psicológicas que culminam na intoxicação e consequente disfunção da
inteligência de nossos órgãos.
Enquanto em pessoas mais racionais, por uma questão de sobrevivência,
a mente costuma disparar a emoção do medo do desconhecido, nas pessoas mais
emocionais o coração se arrisca a tomar decisões incertas. É fácil perceber que
nenhuma dessas características por si só é benéfica. É o equilíbrio entre esses dois pontos o que proporciona o melhor
estado para tomarmos decisões. Os sentimentos “quentes” nos convidam a sentir o
mundo. Nossa mente vai fazer o cálculo “frio” da situação.
Alcançar essa
harmonia é um grande desafio. Diariamente, a inteligência de nosso corpo é
testada, às vezes duramente. Às vezes, por longos períodos. Nem sempre conseguiremos encarar esse desafio
sem ajuda. Convém colaborarmos com nosso corpo – físico e emocional - para que sua inteligência intrínseca possa ser
utilizada na plenitude. É sábio não deixarmos para amanhã para olharmos para
nós mesmos de forma integral, pois nosso corpo é nosso templo, e um templo não
merece ser tomado de assalto pelo mal, mas sim, respeitado e mantido no mais
alto grau de benevolência.
Grato pela confiança,
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