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segunda-feira, 26 de julho de 2021

O pássaro pousado


Vejo um pássaro pousado no galho de uma árvore. Ele está ali, parado, sem dar pistas se continuará pousado ou se impulsionará suas pequenas pernas para a reflexa abertura de asas que permitirá um novo alçar de voo. Eu não consigo fazer a leitura da comunicação corporal do pássaro, tampouco consigo identificar sua energia, para entender o porquê de ele estar ali, pousado.

E por que eu deveria me preocupar? Por uma razão óbvia: os pássaros não foram feitos para ficarem pousados, eles foram feitos para voar!

Ocorre-me que poderia estar doente, necessitando diminuir consideravelmente suas movimentações aladas para que possa ir se recuperando, em sua natureza de passarinho. Pode ser que tenha parado por ter encontrado alimento no galho daquela árvore, de modo que, a qualquer momento, estará saciado e sairá voando em uma direção que apenas ele mesmo sabe porque seguiu, até virar um ponto que se invisibiliza no horizonte. Pode, também, estar cansado das longas viagens realizadas, sabe-se lá se não é uma espécie migratória, e está retomando forças antes de seguir sua jornada. Existe ainda uma última possibilidade: a de ter parado apenas para olhar ao redor, para aproveitar a paisagem, considerando, quem sabe, a segurança daquela árvore e daqueles arredores para estabelecer seu ninho. 

Quem poderá afirmar com certeza? Mais do que isso: quem terá o direito de forçar o voo daquele pequeno ser pousado na árvore, se não temos nenhuma ideia do que se passa em seu coração de passarinho? Percebo que o que posso mesmo fazer é apenas contemplar aquela imagem: um pássaro pousado.

Haverá momentos que seremos nós esse pássaro. Pelos mais diversos motivos, muitos os quais apenas nossos corações conhecerão, cessaremos nossos voos para, por desânimo, cansaço ou necessidade, retomarmos forças. Assim como o pássaro, que não deixa de ser pássaro porque pousou, também nós precisamos entender os momentos em que a vida nos impele a uma fase de retomada de forças.

Um passarinho pousado em uma árvore me ensinou que até mesmo uma parada pode ser um avanço, ainda que em outra direção.


Grato pela confiança,

Marcelo Pelissioli



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