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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O paradoxo do queijo suíço

Certa vez, em algum lugar, em algum momento da minha vida, li esse paradoxo, o qual nunca esqueci. Sempre que o citava para alguém, era para descontração. Até que, outro dia,  dei-me conta da profundidade que aquela aparente brincadeira trazia em si:

"Um queijo suíço tem buracos
quanto mais queijo, mais buracos
cada buraco ocupa um lugar onde deveria haver queijo
quanto mais buracos, menos queijo
então
                                                                               quanto mais queijo, menos queijo!".

Com esse paradoxo em mente, refleti: o que em nossa vida vem tendo a mesma funcionalidade do "quanto mais, menos"? Quais são os comportamentos que não conseguimos mudar, e que sabemos que só nos causam mais e mais espaços vazios? No que abusamos ou nos excedemos, para logo descobrirmos que estávamos indo em direção ao "nada"? Quantas de nossas atitudes "sins" estão carregadas de sentimentos "nãos"? Quais os excessos que cometemos que, no final das contas, nos deixam com a sensação de "menos" do que de "mais"?

Haverá em nossa vida hábitos que, embora bem intencionados, foram mal administrados e acabaram virando sorrateiros e corrosivos vícios?

Ao contrário do queijo suíço, nós temos escolha de não cultivarmos tantos espaços vazios. Precisamos olhar para nós mesmos e descobrir maneiras de fazer o máximo com o mínimo que tivermos. Nesse contexto, a máxima "menos é mais" cabe muito bem, desde que o sentimento de plenitude ocupe com harmonia os espaços incompletos de nossa existência.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Não basta querer. E também não basta agir.

A teoria da Inteligência Emocional baseia-se na hipótese de que nosso cérebro é formado por três níveis: o mais primordial, responsável basicamente pelas atitudes de luta ou fuga; o cérebro límbico, onde ficam armazenadas memórias de experiências e emoções ligadas a elas; e um cérebro racional, o neocórtex, o grande responsável por nossa capacidade analítica. Apesar de parecer que é no neocórtex que nossas decisões são tomadas, a disposição física e biológica de determinadas áreas cerebrais faz com que nossas respostas provenham primeiramente do cérebro emocional, para, só depois, serem racionalizadas. Por isso, a importância de estarmos conscientes de nossas emoções, e do peso que elas têm em nosso comportamento e no nosso agir. De outra forma, seguiremos sendo “enganados” por uma suposta racionalidade em nossas atitudes, o que pode ser apenas uma ilusão. Antes sentimos, depois refletimos. Isso, caso ainda haja tempo para o neocórtex agir antes de uma atitude ou de uma tomada de decisão.

O que define aquilo que você chama de “eu”? Será o seu corpo? Sua mente? Sua alma? Suas crenças? Sim, pode ser tudo isso. Porém, no fim das contas, o que rege tudo o que  conceituamos como “eu” são nossas emoções e sentimentos. O que molda nossa  personalidade é o conteúdo e a forma com que nossas emoções permeiam nosso ser. E aí que está o grande desafio:  temos um ego, uma parte psíquica que vive nos protegendo do que julga ser perigoso. E, para o ego, o “desconhecido”, o  “novo”, pode soar perigoso. Para não abrirmos mão do que chamamos de “eu”, nos aferramos a um mindset, um padrão mental já conhecido. Nos viciados em nós mesmos. Consequentemente, tornamo-nos verdadeiros viciados em nossas próprias emoções.

Quando vamos em busca de um objetivo, temos despertado um querer. Então, do querer, deve vir o agir. Mas não basta querer. E também, não basta agir. Caso esse querer e esse agir estejam em nível puramente racional, o mais provável que acontecerá é que esse objetivo não seja alcançado, pois ele não está alinhado com o sentir, que é o que vai mesmo te mover até o objetivo.

São nas nossas emoções e nos nossos sentimentos onde estão nossos verdadeiros “quereres”. Se digo que quero economizar para comprar um carro, por exemplo, e isso está em nível apenas racional, é capaz de até conseguir juntar algum dinheiro durante dois ou três meses. Daqui a pouco, ao invés de reservar o dinheiro para o carro, me vejo gastando com algo supérfluo. Isso não quer dizer que sou incapaz de atingir meus objetivos. Isso quer dizer que meus sentimentos com relação a esse objetivo não estão bem claros ou alinhados com esse objetivo.  Então, sigo alimentando meu vício emocional do meu próprio “eu”.

Essa gama de emoções que serão o firme alicerce da conquista de um objetivo demandam também dedicação e foco.  Porém, não no modelo racional da dedicação, em que pode haver mais sofrimento do que prazer no caminho. Não no modelo do “tenho que” fazer tal coisa. Mas sim, no modelo do “eu escolho” fazer tal coisa, “eu DE VERDADE escolho esse objetivo para mim”. Esse é o padrão que produz a resposta emocional do querer, esse é o padrão que nos defenderá das temerárias atitudes autossabotadoras, as quais só nos causam frustração e culpa e aumentam nosso vício em emoções e necessidades que nem ao certo estamos muito conscientes.

“Querer” e “sentir” devem estar na mesma sintonia quando temos um sonho. Em muitos casos, além de buscarmos aprender novas formas de chegar lá, precisaremos também desaprender certas crenças e sentimentos limitantes.

Até quando vamos continuar preferindo os ganhos secundários de nossas pequenas traições diárias? Até quando os programas automáticos memorizados em nosso corpo e alma nos controlarão? Até quando insistiremos em quereres os quais não nos causam nenhum brilho nos olhos? Até quando deixaremos de sermos protagonistas de nossas vidas? Até quando nossa história será contada em terceira pessoa?

Convido-lhe a um diálogo com suas próprias emoções. Reconheça-as. Observe seus pensamentos.  Sinta quem ou o que você é, e não quem quer parecer ser.  Não podemos deixar para depois, pois quanto mais a vida avança sem esse controle, mais à mercê de padrões subconscientes ficamos. Nesse processo, não há ninguém julgando, dizendo se está certo ou errado Só há você.

Querer e agir. Acima de tudo, sentir.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O bagaço de nosso amor

Por acaso, teríamos nós dois tipos de pessoas em nossas vidas, aquelas a quem sentimos obrigação de sermos polidos, e aquelas que temos o direito de sermos grosseiros?

Acredito que não. Ainda assim, palavras e atitudes grosseiras acontecem. E, por vezes, envolvendo pessoas que amamos.

Muito se fala em autoconhecimento. Muitos o procuram, cada vez mais. Eu mesmo sou mais uma dessas pessoas, sem dúvida. A cada dia, novos processos, novas aprendizagens, novas percepções, novas sinapses neuronais e, com isso, a sensação de estarmos em um caminho de contínuo aperfeiçoamento mental e espiritual. Tornamo-nos mais elevados, mais educados, mais sensíveis, mais iluminados. Nos limites de nossa razão, acreditamos transmitir serenidade, confiança e paz de espírito aos demais ao redor. Temos a impressão de espalharmos amor. 

Em situações em que as convenções sociais sejam mais protocolares do que espontâneas, até segunda ordem, somos propensos a exercer nosso cultivo intelectual e nossa presteza com paciência e respeito, colocando em prática muito do que conhecemos sobre autocontrole e inteligência. emocional. Com empatia e candura, conseguimos ser fonte  de sensibilidade às pessoas com quem nos relacionamos, mas que não temos necessariamente intimidade. 


Isso na "rua." Até aí, tudo bem.


E por que esse padrão de comportamento gentil parece não ser necessário nas relações com pessoas íntimas? "Em casa?"

"Porque, "com os "de casa", tenho liberdade de estar de mau humor. Tenho liberdade de dizer o que eu quiser. De ser irônico. De ser ácido.  Tenho liberdade de "ser sincero". Afinal, são pessoas com quem não há nenhuma necessidade de formalidade. Se fui grosseiro hoje, amanhã já estará tudo bem."

Será que estará "tudo bem", mesmo?

Em nome de uma dita "sinceridade" a que a intimidade convida, tendemos a falar o que vier à cabeça, sem considerar muito bem os danos emocionais que podemos causar com nossa pretensa sinceridade. Não seria melhor nos orgulharmos de sermos mais assertivos do que sinceros? "O que de ganho a outra pessoa terá ao ouvir o que tenho a dizer?" "Não vou apenas magoar ou menosprezar essa pessoa com minha fala"? "Qual a forma mais elegante, e ainda assim mais direta de se dizer determinada coisa?"

Parece-me paradoxa a prática de guardar o melhor de nós para todos os demais, e deixar  nossa versão mais obscura para "os de casa", para as pessoas que realmente se importam conosco nos detalhes mais decisivos e também nos mais triviais.

Que nossas "casas" sejam, de fato, nosso ponto de equilíbrio. Nosso paraíso emocional, de liberdade para sermos de fato quem somos, com uma convivência harmônica com todas as demais criaturas com quem estamos compartilhando esse momento da existência. Onde possamos estar inteiros, dividindo o néctar de nosso amor, sendo empáticos com a forma de que nossos gestos, posturas e palavras chegam no outro, e não espedaçados como o bagaço de uma fruta já exaurida do que tinha de melhor.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Vivemos de poesia

Em seu sentido literal, poesia é um trabalho de composição harmônica de versos e palavras em busca de geração de emoções, sentimentos e sensações.

E o que é nossa vida, no final das contas, senão uma busca existencial incessante por harmonia também de emoções, sentimentos e sensações?

Vindo do mesmo grupo etimológico, os antigos gregos tinham a palavra poiesis, conceito que significava “aquilo que se cria”, “a obra construída”. Essa concepção era aprofundada em diversas dimensões da vida, fosse a “construção de uma família”, o fazer algo bem feito, ou ainda, relacionado a uma profissão ou ocupação. Assim, trabalhar e viver sua poiesis adquiria um sentido mais intenso do que simplesmente ganhar dinheiro e sobreviver aos dias: vivia-se pela “sua obra”, por sua história e seu legado. E essa “obra” era como se fosse uma verdadeira “obra” de arte: havia de despertar emoções, como se todos fossem verdadeiros artistas no exercício de suas vidas.

Esse anseio poético pelo seu ofício nunca deixou de existir. Porém, o quanto da qualidade dessa poesia vem sendo negligenciada em nossos dias?

Como é vertiginosa a rotina profissional de apenas trabalhar sem uma perspectiva emocional de plenitude, sem ver propósito no que se faz, sem conseguir transformar seu trabalho em uma “obra” digna para si mesmo. Seja qual for nossa ocupação profissional, façamos dela algo que seja como a poesia: harmônica para nós mesmos e para o bem comum, que todos possam usufruir de bons sentimentos a partir de nossas obras.

Que possamos resgatar a poiesis grega em nosso dia-a-dia, nas atitudes que tivermos com relação a nós mesmos e com os outros, seja na vida profissional ou pessoal. Que esse resgate signifique a completude emocional em relação à “obra” de nossas vidas. 


Nesse sentido, talvez nossa vida venha sendo uma poesia triste. Talvez feliz. De qualquer forma, a verdade é que vivemos de nossas histórias. Vivemos de poesia.  E como essa poesia entrará no livro dos dias da eternidade dependerá do conjunto das obras de cada um de nós.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Um copo d'água

"Vivemos nossa vida como se carregássemos em nossas mãos um delicado copo d'água.

Um copo que, às vezes, está transbordando. Às vezes, está pela metade. Às vezes, está completamente vazio.

É da natureza humana o desafio de carregar esse copo d'água nas mãos. Não é possível se desfazer dele. A questão é conhecer e saber administrar o conteúdo desse copo.

Mesmo parados, haverá momentos em que a terra ao nosso redor vai tremer, agitando a água dentro do copo. Dependerá de nossa capacidade de equilíbrio que essa valiosa água não caia e se desperdice. Haverá outros momentos em que, apesar do mundo exterior estar calmo, nossa própria mão não estará firme o suficiente, colocando em risco o conteúdo do copo. 

Passaremos por situações onde não haverá sequer um pingo d'água nesse copo. Nesses momentos, caberá a cada um de nós descobrir o porquê da secura desse copo, uma vez que, apesar de ser melhor manejado, corremos o sério risco de morrermos desidratados. 

Haverá situações em que desejaremos esperar pelo melhor momento para iniciarmos alguma ação, visto que o risco de derramar a água é grande. E também situações que não teremos escolha: seremos passageiros de uma verdadeira montanha-russa com esse valioso copo d'água nas mãos.

Fases em que esconderemos esse copo d'água dos outros, julgando que somos os únicos seres a andar com um copo na mão pelo mundo. Momentos que esse copo transbordará e violentamente molhará os outros que estiverem ao redor.

Circunstâncias que, talvez, precisaremos de ajuda para equilibrar o agito de nossa água. Circunstâncias outras que outros portadores de copos mais agitados que os nossos acabarão por entornar nossa própria água.

Que aprendamos a carregar com carinho nosso copo d'água. Que seu conteúdo seja cristalino. Que, agitado ou calmo, sejamos capazes de controlá-lo e apreciá-lo. Que tenhamos sempre certeza de carregamos água limpa em nosso copo, e não veneno.

Para que possamos, no momento em que a sede emocional surgir, saber qual é a fonte que encherá nosso copo de água e de vida."

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

As emoções no exercício da liderança

Existe uma lenda histórica que trata do horror que Napoleão Bonaparte sentia por gatos. Chega-se a dizer que, durante a famosa batalha de Trafalgar, em 1805, o comandante inglês Horatio Nelson lançou setenta gatos selvagens no campo de batalha terrestre, o que desestabilizou Napoleão emocionalmente  a ponto de ter que ser retirado do front de batalha. Isso fez com que o exército francês sentisse profundamente a falta da aura de seu líder máximo, vindo a sucumbir e, com isso, perder totalmente o controle do Atlântico. Esse foi o início do fim da era Napoleão.

Os líderes também sentem medo. Os líderes também têm anseios. Os líderes também precisam lidar com suas frustrações e angustias. Os líderes têm e conhecem suas vulnerabilidades. E, ainda que sejam seres assim com necessidades tão mundanas, sabem que precisam estar junto de suas equipes, times, exércitos ou qualquer nome que o grupo de pessoas a ele/ela confiado possa ter, pois sua figura invoca segurança e confiança suficientes para que todos possam descobrir o máximo de suas potencialidades.

O bom gerenciamento das emoções nas posições de liderança talvez seja o grande diferencial entre o que se conhece por líder de fato e o líder de direito. Esse é o líder imposto, que tem nada mais que o "direito" hierárquico de exercer liderança. Aquele é o líder aceito pelo grupo, de maneira natural. A liderança de fato está na presença não apenas física, mas também emocional, junto às pessoas ao redor do líder. É essa liderança que gera uma ressonância de energia que inspira, que proporciona sinergia em um time. 

O líder de fato é emocionalmente inteligente para evitar a tendência de levar situações para o lado pessoal. Ao invés de levantar barreiras defensivas ao que lhe soa como desafio à autoridade, esforça-se para ouvir e interpretar as entrelinhas de comportamentos e atitudes. Só depois de estar consciente de suas próprias emoções frente ao que está vivendo é que corrige rumos, recalcula rotas ou orienta mudanças.

O líder de fato é capaz de perceber o estado emocional de cada um dos indivíduos de sua equipe, além do estado emocional da equipe como um todo. Com isso, é capaz de consolidar laços de relacionamento e de implicação fortes o suficiente para que as tarefas sejam realizadas de modo que todos vejam propósito no que fazem. São empáticos o suficiente para se colocarem no lugar dos outros, percebendo as necessidades de apoio, inspiração ou equilíbrio.

Por fim, um líder dialoga constantemente com seu próprio ego, sabendo que seu brilho resplandece exatamente quando as pessoas ao seu redor são capazes de brilhar. Sabe que pessoas que se sentem valorizadas podem chegar mais longe,  além de saber que a imposição de autoridade é recurso não renovável: quanto mais se apoiar nela, menos a terá.

De um líder, podem depender dezenas, centenas, milhares de vidas. Que cada líder seja capaz primeiramente de ser um líder de si mesmo, olhando para si e para a gestão de suas próprias emoções de maneira constante, para que seja capaz de atingir seus objetivos, juntamente com suas equipes. 

Para que os "gatos selvagens" em campo de batalha não impliquem em desastres nas vidas das pessoas que necessitam da presença física e emocional de um verdadeiro LÍDER.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli



domingo, 24 de setembro de 2017

Por mais momentos assim

O trabalho de Coach vem me proporcionando conviver com as mais diversas interpretações que as pessoas, em geral, fazem da realidade. Com isso, vem a necessidade de aprofundamento contínuo no estudo das técnicas do Coaching, para que eu possa colaborar de verdade com aqueles que buscam desencadear seu mais pleno potencial no alcance de suas metas. Porém é o contínuo processo de autoconhecimento, de aprimoramento de um olhar para meus próprios "assuntos internos" que é a verdadeira base de todo o trabalho.

Com muita satisfação, venho participando de um grupo de colegas Coaches, onde discutimos questões técnicas e compartilhamos apoio, conhecimentos e descobertas, o Integracoach. Em nosso encontro passado, muitos momentos de insights aconteceram, dos quais, destaco três:

"Missão e propósito são a mesma coisa?"
Entendo como missão de vida o elemento que está mais profundamente arraigado em nosso ser, e que é capaz de nos mover em direção às nossas metas. É nossa razão maior de nos sentirmos plenos. Não são raras as vezes, porém, que pessoas simplesmente nascem e morrem sem nunca terem se dado conta de suas reais missões em suas vidas. Já o propósito é algo que estimula o cumprimento da missão, que faz com que a movimentação faça sentido. Se nossa missão for, por exemplo, cozinhar para outras pessoas, mas nosso propósito for apenas ganhar dinheiro com isso, pode ser que não estejamos vivendo o que há de mais rico na experiência de se viver essa missão, pois pode ocorrer de estarmos "ganhando dinheiro" em outra atividade que não seja a da nossa real missão. Conseguir unir nossa missão e nosso proposito parece ser o que há de mais verdadeiro dentro da palavra SUCESSO.

"Se não pode evitar o julgamento, pelo menos evite a sentença".
Cada vez mais ouve-se que devemos ser cuidadosos com os nossos julgamentos, tanto os autojulgamentos quanto aqueles dirigidos aos outros. No trabalho de Coaching, esse é um dos pilares do trabalho, o "não julgar". Apesar de, como Coaches, termos o treinamento necessário para executar a escuta ativa sem deixar julgamentos virem à tona, existem situações fora dos processos de Coaching que qualquer pessoa, por sua  própria condição humana, acaba comparando certos acontecimentos a partir de seus próprios sensos de justiça, que são, quase sempre, únicos. Assim, ocorrem os julgamentos, dando margem para rotulações de "certo", "errado", ridículo", ou "isso nunca vai dar certo". Ora, mesmo que, em sentido geral, pareça tão desafiador assim evitar julgamentos podemos, pelo menos, evitar "sentenças", como "você está errado e deve sofrer por isso", ou "isso não vai dar certo e você dever fazer outra coisa". Quantos sonhos já foram mortos a partir de uma única sentença? 

"Só existe a autocura".
Qualquer dor ou doença que se tenha, seja de ordem física, mental, espiritual, ou emocional, só poderá ser curada pela própria pessoa que a sente. Não que alguém necessariamente precisará se curar sozinho, mas, mesmo no exemplo simples de se tomar um medicamento para uma dor física, será o próprio corpo dessa pessoa que reagirá aos efeitos do medicamento, levando à cura. O medicamento, por si só, não terá nenhuma eficácia caso o próprio corpo não reaja. Assim é também para as questões emocionais. Em todos os casos, será única e exclusivamente o entendimento e adequação de situações internas que levará à cura, mesmo que o estímulo venha de alguém externo, ou de uma situação catalizadora de possibilidades de cura. Em outras palavras, podem acontecer diversas coisas por fora, mas a cura mesmo só pode acontecer por dentro. 

Quantos aprendizados em uma única noite. Quantos insights. Quanto compartilhamento. São momentos que podemos nos conectar com padrões elevados de existência, conexões essas que podem ocorrer a partir de diversas formas, desde em uma reunião profissional, como a citada, como em uma roda de amigos conversando em um bar. Que pode se dar em uma sala durante uma aula na faculdade, ou em uma feliz selfie com a família. Em uma epifania espiritual, no contato com um ser mais elevado, ou numa simples caminhada solitária contra a brisa de um dia de sol.

O importante é se afastar ao máximo do que nos faz mal. Do que drena nossa energia. Do que é tóxico. E aproximar-se do que nos potencializa.  Viver esse potencial!

Por mais momentos assim em nossas vidas.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Cangurus, lagostas e outros seres

O nascimento de um canguru é um dos mais dramáticos do reino animal. Ele oficialmente nasce quando ainda está praticamente em fase embrionária, medindo cerca de 2cm e pesando algo em torno de 1g.. Cego, e ainda sem as patas traseiras desenvolvidas, o bebê precisa escorregar até a famosa bolsa da mamãe canguru, chamada marsúpio, para completar sua formação. Esse processo, entre nascer e chegar até a bolsa da mãe, leva em torno de 5 minutos. Minutos esses que, podemos imaginar, devem parecer uma eternidade para um ser tão pequenino e frágil, que precisa ir se agarrando aos pelos da mãe e cuidando para que não caia no chão, o que seria fatal para o bebê. Ele já nasce praticamente lutando pela vida. É de sua natureza.

*  *  *

A lagosta é um crustáceo que, como outros de sua espécie, possui o que se chama de exoesqueleto. Uma espécie de armadura que a protege mas que, após determinado tempo, não acompanha o crescimento do animal em si. Assim, conforme a lagosta vai crescendo, chega um momento em que, ou a lagosta abandona essa proteção biológica que tem e continua crescendo até desenvolver outro exoesqueleto, ou vai ficar do mesmo tamanho para sempre. A natureza sempre a impele a crescer, e trocar de proteção quando essa está refreando seu crescimento. É de sua natureza.

*  *  *

Existe uma espécie de peixe endêmica do Havaí de nome científico Lentipes Concolor, que nunca ultrapassa os 7cm, e que tem uma característica quase impensável para um peixe: ele é capaz de escalar paredões rochosos de cachoeiras de quase 150m de altura para procriar. Graças a ventosas dispostas em seu corpo, o pequeno peixe vai se agarrando às pedras úmidas contra o fluxo d'água de uma enorme cachoeira para cumprir seu destino de procriar no mesmo lugar onde nasceu. Muitos acabam caindo, e reiniciando sua jornada. Alguns caem, e morrem. É de sua natureza.

*  *  *

Apesar de bastante difunda, existe uma bonita lenda que a águia é uma ave que, em determinada fase da vida, precisa arrancar suas garras por já estarem enfraquecidas, além de ter que arrancar suas penas e quebrar seu bico contra as rochas para renovar-se. Bem, tudo isso não passa mesmo de uma bonita lenda. Quando se vê uma águia bicando pedras, ela, na verdade, está afiando seu bico e o mantendo em tamanho confortável para sua alimentação. Além disso, ao contrário de ter suas garras enfraquecidas com o passar do tempo, a sobreposição das camadas de queratina faz com que suas garras fiquem, na verdade, cada vez mais fortes. Esses fatos, sim, são de sua natureza.

*  *  *

Se o próximo ser descrito fosse você, qual seria a história, em poucas linhas? O que sobre você seria incrível? O que seria único? O que seria verdade? A "sua natureza" te agradaria?

Ao contrário dos animais, você pode fazer escolhas além dos hábitos e instintos.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Navegar à Bolina


De uma hora para outra, a força de nossos melhores planos e ações começa a perder o vigor, como se, de repente, um vendaval contra nós mesmos começasse. Nosso avanço torna-se mais lento e penoso. Simplesmente, desânimo.

Esse forte vento contrário pode vir de imprevistos, emoções negativas, padrões mentais limitantes, contatos tóxicos ou situações pesadas e estressantes, causando um grande dispêndio de nossa energia. Seja por fatores externos ou internos, há momentos tão confusos em que navegar o mar de nossas vidas e de nossos objetivos parece doloroso. De fato, avançar "sem alma", a raiz etimológica de "desânimo", é uma tarefa árdua e extenuante.

Para mim, vontade tem a ver com Significado. Não raro, temos vontades diversas, como crescer profissionalmente, ter uma rotina mais saudável, viajar, empreender... e, ainda assim, essa vontade vai esmorecendo até que nos identifiquemos como desanimados e abandonamos nossos projetos iniciais. Colocamos todo nosso "ânimo" no início da empreitada, mas não identificamos o que o movimento até o objetivo significaria para alcançarmos nossa plenitude. Se quero crescer profissionalmente, isso pode significar realizar o trabalho dos meus sonhos, no cargo dos meus sonhos. Se desejo ter uma rotina mais saudável, isso significa tratar bem minha saúde física e mental, para me sentir melhor. Se minha vontade é empreender, isso significa viver meus sonhos e aceitar meus próprios desafios. 

O Significado que reside em nossos objetivos é nosso "colete salva-vidas" nesses momentos de mares revoltos. É o que mantém nossa "alma" inteira quando parecemos não ter mais forças para seguir. Quanto mais forte esse Significado, mais fortes somos para encarar os desafios da jornada.

A força de vontade é o motor que move nosso barco. Quando exigido em demasia, pode deixar de funcionar. Há de se encontrar o equilíbrio em seu funcionamento para que possa repousar quando possível, e para que esteja sempre pronto para estar pleno de condições quando força total se faça 
necessária.

Dialogue com seu desânimo. Reconheça que ele está ali. Procure adaptar-se. Aprenda a "navegar à bolina", que é posicionar as velas de um barco de modo que se mova para a frente, mesmo quando o vento é contrário.

Cada um de nós sabe quais são os Significados de seus objetivos e as melhores formas de reaver seus melhores estados de ânimo. Para isso, é preciso conhecer-se.

Descubra o Significado do que está fazendo para fortalecer-se nas tormentas.

Pode ser que o pior vendaval seja aquele acontecendo dentro de nós mesmos.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Pés no Chão


Estar com os pés no chão pode significar viver na segurança de sua própria lógica de planejamento, nos limites daquilo que se entende por "realidade". Mas o que é real? Os fatos em si ou nossa interpretação deles? Que "chão" é esse?


Estar com os pés no chão pode ser estar sobre sólido suporte, em terreno firme, conhecido. Mesmo assim, como reconhecer de fato a firmeza de um terreno? "É" firme, ou "acreditamos" que é firme? Conhecemos esse terreno, ou acreditamos que conhecemos?

Estar com os pés no chão é comportamento comparado com a humildade. Serão esses pés humildes voluntários em aceitar sua condição de estarem no chão, ou pobres, descalços, e sentindo o frio da escassez imposta pela própria falta de perspectivas?

Estar com os pés no chão pode ser sinônimo de criar raízes. Serão essas raízes a estabilidade necessária para os duros dias de tempestades, ou verdadeiras âncoras que impedem que alcemos voo?

Qual o peso das responsabilidades sobre nossos ombros, pressionando nossos pés contra o chão? É excessivo, a ponto de fazer-nos menores do que somos por estarmos sendo praticamente enterrados no solo, ou tão leve que sejamos tal qual uma pluma sem direção ao sabor do vento?

O chão que sustenta nossos pés hoje pode não ser o mesmo amanhã. Nossos pés podem não ser os mesmos amanhã. O mundo pode não ser o mesmo amanhã. 

Seja em escala micro ou macroscópica, o movimento é a única constante no Universo. Estar com os pés no chão também é, inevitavelmente, estar indo em alguma direção.

Os teus "pés no chão" estão te levando para onde?


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pode Ser

"Era uma vez um fazendeiro chinês. Um dia, um de seus cavalos fugiu. Seus vizinhos vieram até ele, comentando como aquele acontecimento era um infortúnio. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, o cavalo que fugiu voltou, trazendo com ele sete cavalos selvagens. Os vizinhos apareceram novamente, dizendo que isso era uma grande sorte. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
Depois disso, o filho do fazendeiro tentou domar um dos cavalos selvagens e caiu, quebrando uma perna. Os vizinhos vieram lamentar o ocorrido, dizendo que aquilo era muito ruim. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, oficiais do exército que estava recrutando soldados apareceram, mas não levaram o filho do fazendeiro por conta da sua perna quebrada. Os vizinhos vieram ao fazendeiro falando sobre como aquilo era ótimo, e ele respondeu: “pode ser”.
A velha parábola acima vem nos despertar para que o que chamamos de realidade seja, na verdade, perspectiva. Todos os acontecimentos podem ser interpretados a partir de diferentes pontos de vista.
Nossas crenças inconscientes e experiências passadas agem como verdadeiros filtros que regulam nossa capacidade de olhar para a realidade do que está acontecendo conosco e no mundo. Um dos preceitos básicos da Programação Neurolinguística (PNL) é que "o mapa não é o território", ou seja nossa perspectiva (o mapa) é uma representação da realidade (o território).  Assim, nossos mapas apenas definem o que acreditamos ser o território por onde andamos.
Reestruturar contextos e conteúdos de modo que encontremos significados mais úteis para qualquer experiência, a fim de que possamos torná-las algo que trabalhe positiva e construtivamente por nós, e não destrutivamente contra nos, é a chave do sucesso nessa questão. É o que a PNL chama de "ressignificação".
Ainda que os fatos por si só sejam neutros, de nenhum modo reestruturar ou ressignificar contextos ou conteúdos quer dizer que determinados acontecimentos não sejam problemas reais. Não é negá-los. É, sim, ter uma conversa interna de modo que a criatividade aflore com respostas que serão muito mais ricas e inspiradoras. Pense como um general que, ao ter recuar em uma batalha, vê o movimento como "o avanço em outra direção". 
Nossa interpretação do que acontece é que será determinante na forma como lidaremos com os fatos. É um grande desafio, sem dúvida. Pode requerer prática constante. Contudo, é um desafio capaz de nos conceder o poder de decisão entre a escolha consciente de nossas reações ou entregar-se automaticamente à dimensão de vítima sem recursos.
É um exercício onde, como diria o velho fazendeiro chinês, tudo "pode ser" algo mais.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Faltou um "superouvido" para um "batpapo".


Uma noite dessas, tirei uns minutos para assistir televisão. Trocando de canal aqui e ali, me deparei com o filme Super Homem Vs Batman - A Origem da Justiça (Warner Bros., 2016). Eu só queria assistir um pouco de TV. E acabei assistindo o filme todo.


Como o título já informa, sabe-se que é um filme sobre super-heróis. Esperam-se cenas cheias de efeitos especiais, uma história que normalmente não empolga muito os fãs das histórias em quadrinhos e, acima de tudo, um final feliz, onde o bem prevaleça. Spoilers  


Divulgação: DC Comics

à parte, é isso mesmo que acontece. O que me chamou a atenção mesmo foi ver de que forma dois ícones ultra populares do bem e da justiça poderiam ser colocados um contra o outro. O que teria motivado dois dos super-heróis mais famosos dos quadrinhos a lutarem um contra o outro?

O que gerou o conflito?

Ambos são personagens do bem. Protegem os cidadãos de suas respectivas cidades contra vilões insanos e alienígenas perversos. São exemplos de conduta. Mesmo assim, suas identidades reais permanecem secretas. São os "heróis"!

De repente, suas atitudes de proteger a lei e a ordem começam a ser questionadas. Uma nova visão da realidade começa a tomar de assalto corações e mentes: o Batman tem informações de um sujeito voador, em Metropolis, que é tão poderoso quanto um deus, e que toma decisões por conta própria para defender o que entende como certo. Já o Super-Homem passa a ouvir falar de um certo homem-morcego de Gotham City que faz justiça conforme suas próprias leis. Começam a enxergar um ao outro como uma ameça. Como cada um deles quer realizar seu trabalho de defender o que entende por "bem", acabam por se enfrentar.

Os dois têm o mesmo ideal. E, ainda assim, se acusam. Entram em choque. E lutam. E lutam muito.

Ocorreu-me que algo semelhante acontece nos conflitos que presenciamos e enfrentamos em nossas vidas. Nem sempre nossos conflitos originam-se de diferenças. Por algumas vezes, eles podem mesmo é nascer das semelhanças.

Somos pessoas trilhando nossos caminhos pela vida. Pode ocorrer que, no ponto onde me encontro em minha senda, entre na minha vida alguém que está indo para outro lugar, mas que, nesse momento, está compartilhando esse mesmo ponto da estrada. Eu tenho minhas necessidades, e a outra pessoa tem as dela. Eu tenho meus medos, a outra pessoa tem os seus. Eu tenho meus modelos próprios de justiça e injustiça, a outra pessoa também. Eu tenho meu caminho a trilhar. A outra pessoa, idem. Mesmo assim, podemos nos ver como ameças uns aos outros.

Um conflito é um choque de necessidades.

Eu acredito nas relações ganha-ganha. Todos ganham, nem que seja um pouco, de cada vez. Só que, para isso, deve haver o encorajamento de uma comunicação clara e transparente durante todo o processo, de modo que ações preventivas minimizem as possibilidades de conflitos, ou ainda, com a situação de conflito já posta, que haja um canal de comunicação sempre aberto para negociação e convivência, nem que inicialmente seja através de um intermediador.

Comunicação clara e transparente. Capacidade de procurar entender o mundo do outro.  Inteligência emocional. Coisas que faltaram ao Super-Homem e ao Batman. No fim, descobrem-se mais parecidos do que imaginavam. 

Cuidemos que nossos conflitos não sejam armas de nossos vilões insanos internos e alienígenas perversos que vivem corroendo nossa mente, e que causam interferência em nossa capacidade de ouvir ativamente o outro, ou de expressar o que sentimos. Que petrificam nossa empatia e que impedem a administração de nossas emoções.

Que dois seres que defendem o bem não entrem nunca mais em conflito.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli.



terça-feira, 27 de junho de 2017

Endomarketing Pessoal

É quase que certo que você já tenha ouvido falar sobre Marketing Pessoal. É possível que já tenha lido e estudado sobre isso. Pode ser até que seja um especialista no assunto.

O objetivo mais elementar do Marketing Pessoal está na forma como nos apresentamos em determinadas situações: o cultivo de nossa imagem, seja na maneira com que nos vestimos, nos portamos, até a forma com que nós nos comunicamos. Aliás, é preceito clássico das teorias da comunicação que é impossível não nos comunicarmos. Mesmo em silêncio, nossa roupa, nossa postura e nosso semblante estão sempre emitindo sinais de comunicação.

Nesse nível do ser, a imagem geral de alguém acaba afunilando-se em um adjetivo. Como sua imagem é percebida pelas pessoas que te rodeiam? Como questiona Arthur Bender, em seu livro Personal Branding (2009), "qual é o seu adjetivo?".

"Chegou o/a (seu nome). Que (bom/ruim)! Ele/ela é tão.... (seu adjetivo)".

Manter essa imagem para que esse adjetivo esteja alinhado com seus propósitos vai além das vestimentas ou boas posturas. Essa imagem inicia-se dentro do ser, em um movimento contrário ao Marketing Pessoal. O marketing visa o movimento de dentro para fora. Agora, imagine um movimento de fora para dentro do ser, onde se cultivem as questões internas, os propósitos, as crenças, os valores, as emoções e o autoconhecimento. Esse é o que chamo de Endomarketing Pessoal.

"`Para mudarmos nosso mundo exterior, precisamos primeiro mudar nosso mundo interior". Esse movimento inicia-se com o reconhecimento das vozes que temos dentro de cada um de nós, tanto aquelas mais críticas e conservadoras quanto aquelas mais fluídas e adoradoras de desafios.  É conhecer nossas competências e nossas interferências, nossas luzes e nossas sombras o que, muitas vezes, estão ocultas até mesmo para nós.

É ir além dos ditos pensamentos positivos ou negativos. Dizer a si mesmo "eu sou o melhor", ou "eu sou o pior", no final das contas, são apenas conceituações. A questão é: no fundo de sua verdade, quem de fato você é?

As ações de Endomarketing em nível pessoal têm como finalidade que a pessoa primeiramente SEJA. E que se reconheça tal qual como é. Com isso, possibilita-se a movimentação em direção aos seus objetivos e propósitos de vida, lidando com os possíveis obstáculos de forma mais lúcida. Com isso, abre-se caminho para que a pessoa FAÇA o que precisa ser feito, até que TENHA aquilo que almejou.

Participar de atividades de integração pessoal ou profissional, cultivar-se física, intelectual e espiritualmente, frequentar palestras e cursos, selecionar leituras e programas que estejam alinhados com seus propósitos, ter um plano de vida e de carreira, todas essas coisas são alguns exemplos de ações de Endomarketing Pessoal.

Tudo começa por uma atitude positiva. E uma atitude positiva, para mim, é aquela que gera amor. E que, por sua vez, deixa nosso mundo interior e exterior um lugar melhor de se viver a vida.

Em sua imagem pessoal, está seu corpo. Em sua essência pessoal, está sua alma.

Elas anseiam em andar juntas.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
                                                       

domingo, 11 de junho de 2017

Como produzir ovos de ouro

Contava-nos o velho fabulista Esopo, ainda na Grécia de cinco séculos antes de Cristo, que certa vez um homem encontrou um ovo de ouro em um dos ninhos de seu galinheiro. Em um êxtase de felicidade, ainda que bastante intrigado, conseguiu identificar qual era a galinha de sua criação que colocava os ovos de ouro. Todos os dias, a galinha colocava um ovo, e apenas um ovo de ouro, da melhor qualidade. 

O criador de galinhas começou a fazer planos ambiciosos com o dinheiro que ganharia com a venda daqueles ovos. Dia após dia, porém, começou a perceber que seus planos de riqueza levariam mais tempo do que gostaria para que fossem concretizados. Fez tudo que podia para que a galinha aumentasse sua produção de ovos, mas a galinha colocava sempre um ovo de ouro por dia, sempre no mesmo ninho e horário.

Começando a ficar impaciente com a demora em realizar suas ambições de deixar de ser um simples criador de galinhas para se tornar um grande senhor de posses, chegou à conclusão que se aquela galinha colocava ovos de ouro, era porque todos os ovos de ouro que ela colocaria na vida já estavam dentro dela. Bastava matar e abrir a galinha para que amealhasse toda a riqueza de uma única vez.

E assim foi feito. O criador de galinhas matou a galinha dos ovos e ouro. Abriu o animal e, por dentro, só encontrou vísceras. Por dentro, era apenas uma galinha normal.

E o criador de galinhas continuou sendo um criador de galinhas até o fim de sua vida.

Stephen Covey, em seu best-seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, trata dos conceitos de Produção (P) e de Capacidade de Produção (CP). Produção (P) é o resultado, aquilo que se alcança com todos os meios disponíveis. Capacidade de Produção (CP) é o grau de competência que esses meios disponíveis apresentam para que se alcancem resultados.

Vamos imaginar um par de sapatos. A (P) desse par de sapatos é te levar todos os dias ao seu trabalho, por exemplo. A (CP) desse par de sapatos não está sendo levado em consideração. Certo dia, percebe-se que um dos sapatos está com um pequeno arranhão. Ainda assim, deixa estar, pois ainda se pode ir trabalhar com ele. 

Uma semana depois, aquele arranhão evoluiu para um pequeno rasgo. Como é discreto, pode-se ainda ir trabalhar com ele. A dimensão (P) ainda está dando resultados. Contudo, alguns dias depois, ao ignorar a (CP) do par de sapatos, o pequeno rasgo evoluiu para um grande buraco que já chama a atenção, e que já não poderá ser consertado. Ao considerar apenas a (P) e ignorar a (CP) do sapato, perdeu-se tudo. Teria sido tão barato ter pedido a um sapateiro para resolver a (CP) desse sapato quando o questão ainda era apenas um arranhão...

O que em nossa vida está carente de equilíbrio entre (P) e (CP)? Nossa saúde física? Nossa saúde mental? Nossa saúde espiritual? Nosso equilíbrio financeiro? Nosso controle emocional? Nosso trabalho? Nosso tempo? A qualidade de nossos relacionamentos? Nosso carro? Nossa casa? 

Nosso par de sapatos favorito?

Estaremos em algum ponto de nossa vida estrangulando nossa galinha dos ovos de ouro para não pararmos nunca de termos resultados? E se ela não aguentar?

Será necessário perdemos coisas que gostamos para nos darmos conta disso?

Vamos cuidar de nossas galinhas dos ovos de ouro. Esopo nos ensinou já há muito tempo que não é inteligente pormos em risco fatores importantes em nossa existência em função de negligência ou precipitações.

Ovos de ouro se produzem cuidando da capacidade de produção.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quem é o motorista?

Imagine-se em uma viagem de ônibus. Você é um passageiro. E você não pode ver o motorista. 

A viagem iniciou, e você já percebe que o motorista dirige rápido. Dá freadas bruscas e guinadas inesperadas. De repente, pela janela, você não reconhece o caminho, e  percebe que está indo para o lado oposto de onde gostaria de chegar. 

O que você faz? 

Vai conversar com o motorista e ver o que está acontecendo?

Se sua resposta for não, você está conformado com a situação. Tudo bem. É seu direito.

Se sua resposta for sim, você ultrapassou os limites de seu conformismo. Também é seu direito.

Em nossas vidas, a situação é semelhante.

Muitas e muitas pessoas sentem um grande anseio de serem melhores, de terem empregos melhores, relacionamentos melhores, controles emocionais e espirituais melhores e, contudo, estão conformadas com o que está acontecendo. Um primeiro passo nessas direções parece tão difícil. Assim, a possibilidade de sermos versões melhores de nós mesmo não passará mesmo de uma possibilidade.

A primeira ação que acontece quando decidimos nos mover em direção aos nossos sonhos e metas é quebrar o padrão do conformismo, dos reflexos condicionados, dos hábitos nocivos e das crenças limitantes. Só, então, o movimento inicial é possível. Em parte das vezes, a própria vida nos coloca em situações extremas em que o conformismo com o todo. precisa ser quebrado. Em outra parte, pessoas passam pela existência e morrem cercadas pelos muros do conformismo, sem nunca terem sabido o que havia lá fora. E, em outra parte, as pessoas resolvem assumir a responsabilidade de seu primeiro passo deliberadamente. Para essas pessoas, um processo de Coaching costuma ser um divisor de águas na busca por suas metas.

Viver pelos nossos sonhos não precisa significar viver livre de responsabilidades. Ao contrário, significa ser livre para que as responsabilidades realmente valham a pena. E veja que se trata de viver pelos sonhos, não necessariamente alcançá-los.  Viver pelos sonhos é buscar alcançar resultados positivos de maneira que preencha nossa existência com plenitude de propósito. Resultados pessoais e profissionais. Se possível, ao mesmo tempo.

Para tanto, é necessário saber aonde se quer chegar. Ajustar os planos nessa direção, e realizar as mudanças necessárias. E seguir fazendo mudanças dentro dessas mudanças, sempre que assim for preciso.

Por muitas vezes, nossas expectativas não parecem realísticas, e tendemos a abandonar nossos sonhos e metas. Porém, mesmo se a expectativa não parecer realista, o desejo é real, e muito. O movimento inicial para corrigirmos nossa rota na direção esperada é exatamente termos a coragem de aceitar que o desejo de chegar lá existe sim, sem necessariamente saber como alcançar seu objetivo.

Quando se está parado, não há obstáculos, apenas conformismo. Quando se quebra a barreira do conformismo, a paisagem muda, e, com isso, obstáculos aparecerão. Esses obstáculos nada mais são do que tijolos que formam as paredes desse conformismo. Assim que superados, virão outros e outros, exatamente para que novas paredes não comecem outra vez a nos oprimir. O movimento se tornará constante. E nos tornaremos cada vez mais hábeis nesse movimento de expansão de nossos horizontes.

Assim, deixamos de ser o passageiro do ônibus que não sabe para onde vai. Pedimos licença ao motorista (ou aos motoristas) que estão guiando (sabe-se lá para onde) e assumimos o volante. 

Você não precisa pagar passagem na viagem de sua vida.
Esse lugar é seu por direito.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Pessoas em nossas vidas


Outro dia, me foi pedido para escrever um cartão de aniversário para uma pessoa com quem convivo há 20 anos, para uma festa surpresa. E só então me dei conta que já fazia 20 anos.

A relação que temos é profissional. Nesse tempo, além da convivência profissional, também compartilhamos momentos festivos, como comemorações corporativas, bons resultados e sucessos mútuos em nossas vidas. Também, nesse tempo, inevitavelmente compartilhamos tristezas, pontos de discórdia, e distanciamento. Os altos e baixos de uma convivência.

E, assim, se foram 20 anos. 

Quando peguei o cartão para escrever palavas protocolares e de praxe, que expressassem simpatia pelo aniversário de alguém, por alguma razão, me detive. Um questionamento se impôs quase que em voz alta em minha cabeça:

"Qual a importância dessa pessoa em sua vida?"

Então, iniciou-se uma grande reflexão. "Como teria sido minha vida sem essa pessoa? O que de bom ela fez por mim, que eu não teria usufruído? O que eu teria deixado de aprender? O que contribuiu para mim, como ser humano, em todas as minhas dimensões, as nossas semelhanças e as nossas diferenças?"

"Será que venho dando o devido valor às pessoas que me rodeiam no dia-a-dia, e que trato como se fossem quase imperceptíveis em minha existência? Não terá o meu ritmo acelerado me ofuscado a visão para uma gama de seres humanos que estão lá, mesmo que como coadjuvantes participando do livro da minha vida? Mesmo que algumas pessoas fiquem pouco tempo em nossas vidas, não terão deixado algo para nós?"

"Estarei eu, baseado nesse quase desdém a essas pessoas com quem compartilho meus dias, estendido esse sentimento a pessoas ainda mais próximas e caras a mim? "

"Escrever "feliz aniversário" é o suficiente?"

Podia ser. Mas, naquele momento, eu preferi respirar, e responder a todas essas perguntas. E dar um tempo para que minha alma pudesse alcançar meu corpo, e conectar-me por inteiro.

Aí sim, o que era para ser um cartão, virou uma carta, escrita frente e verso. Sem melodramas e sem falsidades piegas. Apenas uma carta que expressava minha sincera gratidão por aquela pessoa fazer parte da minha vida. Porque, de verdade eu era grato por isso. Mas nunca tinha expressado isso. Nem me dado conta.

Espero que minhas palavras tenham feito bem a ela. Pois tenho certeza que a reflexão que ela me proporcionou fez muito melhor para mim.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
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sábado, 22 de abril de 2017

Para começar, respire.


Na minha formação em Coaching, um dos aprendizados foi respirar. Ou melhor, lembrar que eu respirava.


A respiração é um dos aspectos visíveis da inteligência de nosso próprio corpo e que, apesar disso, está ligada a aspectos não visíveis, que ocorrem em nível celular. Se tivéssemos que ordenar a cada célula para que realizasse seu trabalho, e se tivéssemos que lembrar a cada momento que temos que respirar para nos mantermos vivos, um lapso de alguns minutos já seria fatal.

Aprendi algumas técnicas básicas de meditação para centrar-me no momento presente, no assim chamado aqui e agora. Apesar de técnicas bastante simples, que envolvem não mais do que a atenção em sua própria ação de inspiração e expiração, o resultado desses minutos de atenção plena a minha respiração tem um grande poder de me colocar em meu eixo comportamental e emocional em momentos de necessidade.

Sinceramente, a palavra "meditação" costumava me soar esotérica demais para minha realidade de atribulações do dia-a-dia. Remetia-me a pessoas desligadas do mundo real, sentadas em posição de flor de lótus e rodeadas de incensos e imagens de deuses não muito familiares. Ainda assim, admirava as pessoas que me contavam o quanto alcançavam equilíbrio espiritual com a prática.

Indo mais a fundo, descobri que a prática de meditação está presente nos ambientes mais diversificados, e que está mais ligada ao dia-a-dia do que eu supunha. Até mesmo em ambientes corporativos, técnicas de meditação estão sendo estimuladas entre os funcionários e colaboradores.  Atualmente, mais citada como mindfulness, essas técnicas não são mais do que os mesmos exercícios de atenção à própria respiração, com a finalidade de equilíbrio emocional e estado de presença pleno única e exclusivamente naquele momento.

Aprendi que tal prática não precisa necessariamente durar horas, nem mesmo ser feita apenas uma vez por dia. Ela pode ser de apenas alguns minutos, ou até mesmo de alguns segundos, os quais podem ocorrer na sua própria mesa de trabalho, no sofá de sua casa, dentro de um ônibus lotado, ou onde e quando desejar conectar-se com o que há de mais verdadeiro e concreto na realidade: que o que de fatos temos é apenas esse momento. Apenas essa centelha do presente.

A você, querido leitor ou querida leitora, venho te lembrar que você também respira. Que teu coração bate. Que tuas células trabalham 24 horas por dia sem parar. E tudo isso, quem determina, é a inteligência do teu ser. Inteligência, essa, que no desvão das horas e dos dias, acabamos esquecendo que existe e, com isso, perdemos oportunidades de estarmos despertos à oxigenação de nosso cérebro e de uma profunda conexão com nosso próprio eu.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

sábado, 1 de abril de 2017

"Novo cálculo da rota"


"Eu tenho um aparelho de GPS. GPS é uma sigla em inglês que quer dizer Global Positioning System. Depois que adquiri meu GPS, passei a dirigir com mais confiança, pois meu maior medo sempre foi acabar me perdendo. Comecei a ir para lugares que, sem ele, dificilmente conseguiria ter chegado. Com certeza, o Global Positioning System não é um equipamento que nos possibilite dirigir com os olhos fechados. Algumas vezes, ele nos manda fazer conversões em locais proibidos. Algumas vezes, ele não conecta com o satélite. Algumas vezes, damos umas voltas que julgamos serem desnecessárias para chegar no destino. Assim, uma vez conectado, há de ser usado com moderação e bom senso. E chegamos aonde queremos.
Existem dois fatores principais que fazem o GPS não estabelecer contato com o satélite. Um deles é a própria configuração do aparelho, que deve estar bem calibrado para que ocorra a conexão. A segunda, são condições locais e climáticas, como barreiras de concreto ou tempo muito nublado.
Às vezes, eu olho para o céu, tentando calibrar meu GPS. Eu não vou enxergar o satélite. Mas uma esperança inconsciente me faz crer que posso desviar de barreiras entre o aparelho e o satélite e utilizá-lo da forma mais sensata possível.

Olhando para o céu. Foi a forma que, várias vezes na vida, supliquei a Deus.

GPS poderia ser uma sigla que significasse God Positioning System. Quando algo me acontece, ou tenho que iniciar um novo projeto, procuro convidar Deus a participar também. Com isso, passo a agir com mais confiança, pois meu maior medo sempre é de acabar me perdendo. Com Ele, fui, vou e chegarei a lugares que dificilmente conseguiria ter chegado. Com certeza, o God Positioning System não é algo que nos possibilite viver com os olhos fechados. Algumas vezes, coisas ruins vão acontecer. Algumas vezes, Ele parecerá estar até mesmo contra nós. Algumas vezes, chegaremos a não ter contato nenhum com Ele. Algumas vezes, daremos voltas na vida que julgaríamos serem desnecessárias para complementarmos nossos destinos. Assim, uma vez conectados com Deus, precisamos lembrar que Ele não nos levará ao destino. Os passos são de nossa responsabilidade. Ele nos guiará.
Existem dois fatores principais que fazem não estabelecermos contato com esse GPS. Um deles é o nosso próprio egoísmo em reconhecer nossa pequenez nesse universo imenso. A segunda, são as condições que nossa vida se encontra, com nuvens carregadas de sentimentos e crenças limitantes que pairam sobre nossas cabeças. Às vezes, eu olho para o céu, tentando conectar-me com Deus. Eu não enxergo Deus no céu. Mas uma esperança inconsciente me faz crer que posso desviar das barreiras do dia-a-dia para que possa conectar-me com o Divino da forma mais sensata possível.

E, assim, chegar ao meu destino."


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli