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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Vivendo no mundo VUCA


Com o fim da Guerra Fria, estudos geopolíticos e sociais foram realizados para se procurar entender qual modelo de mundo de ergueria daqueles tempos e adentraria o século XXI. A Academia do Exército Americano, nos anos 90, concluiu esse estudo denominando a nova ordem mundial com o acrônimo de VUCA (volatity, uncertainty, complexity e ambiguity), ou seja, o mundo seria mais volátil, mais incerto, mais complexo e mais ambíguo.

Uma sensação de estarmos fora de controle no espectro social, político e econômico pode ser uma das provas mais claras que o mundo VUCA é uma realidade. As grandes empresas não demoraram para assimilar esse conceito, desenvolvendo planejamentos estratégicos onde a rápida capacidade de resposta às demandas do ambiente é tão ou mais importante do que visualizar cenários de longo prazo.

Da maneira que for, todas essas mudanças desembocam no ser humano, que precisa desenvolver recursos para viver nesse ambiente volátil, incerto, complexo e ambíguo. 

Conviver com a volatidade é desenvolver recursos para se lidar com o inesperado. Não parece mais haver um caminho estruturado para se chegar aos objetivos. Desenvolver resiliência para adaptar-se aos novos cenários e manter-se íntegro perante bruscas mudanças que esse mundo propõe é uma das chaves para se lidar com essa perspectiva. Um mundo guiado pela incerteza nos abre os olhos para como podem ser imprevisíveis as consequências das mudanças, mesmo que tenhamos entendimento das relações de causa e efeito. Há de se instrumentalizar com flexibilidade para se encontrar diferentes opções de se vencerem os desafios. A complexidade do mundo VUCA enfatiza a ampliação da conectividade e a interdependência entre relações, o que aumenta de forma descontrolada o número de variáveis as quais precisamos manejar. Apesar de não ser possível prever os resultados tão facilmente, essa complexidade pode ser gerenciada a partir do contato multidisciplinar de fontes de conhecimento, pois quanto mais nos aprofundarmos nos mais variados campos de conhecimento, melhor será nossa capacidade de administrar essa diversidade de variáveis. Por fim, viver em um mundo ambíguo significa precisar conviver com muitas formas diferentes de interpretação de um mesmo fato. Muitos olhares e muitas visões de mundo tornam os cenários bastante movediços. Tomar decisões, nesse contexto ambíguo é posicionar-se e, para isso, é necessário coragem. Mesmo assim, nossos posicionamentos precisam gerar aprendizados que vêm da ação, tanto a partir dos acertos quanto dos erros.

Tão importante como conhecermos a nós mesmos é conhecer o contexto onde estamos. Aprimorar os recursos internos necessários para viver nos diferentes mundos que nós, seres humanos, já nos adaptamos, é o que vem nos mantendo nesse mundo como espécie, seja no mundo das cavernas, seja no mundo VUCA.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli



quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Homeostase do corpo e da alma

Teria sido uma aula de biologia perdida nos porões da memória, não fosse pelo termo que a professora utilizou, e do qual nunca me esqueci: homeostase. Naquela tarde de algum ano de alguma década passada, aprendi que homeostase relacionava-se ao perfeito equilíbrio de um organismo vivo, a qual, através de regulações internas dinâmicas e funcionais, mantinham o corpo de um ser vivo estável a ponto de a vida poder ser mantida. São conhecidas diversas situações que podem colocar a homeostase em risco e, consequentemente, a vida, como alterações de temperatura, níveis de pH, concentração desregulada de nutrientes como a glicose, falta de absorção de oxigênio, entre outros. 

Somos a geração que tem obtido os melhores resultados em termos de longevidade. Para se ter uma ideia, nos últimos 15 anos, a expectativa de vida no mundo aumentou em 5 anos. Graças a muitos avanços na área da Medicina, aliado a cada vez mais acesso à informação, conseguimos manter nossa homeostase por mais tempo. Porém, qual tem sido a qualidade desses nossos anos a mais em nossa jornada nesse planeta?

A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 700 milhões de pessoas ao redor do mundo sofram de transtornos de ordem mental, como depressão, ansiedade,  síndromes de pânico e diversos tipos de psicose. Além disso, é considerável o aumento de diagnósticos de doenças psicossomáticas, aquelas que são originadas das emoções mal administradas e que têm efeitos sobre o corpo físico, como doenças de pele, desordens intestinais, estomacais, alterações na pressão sanguínea e tensões musculares e nervosas pelo corpo. Assim, apesar de vivermos mais, corremos mais risco atualmente de não conseguirmos aproveitar nossas vidas com mais qualidade, principalmente quando o stress está instalado em nosso corpo.

Stress, em Inglês, não significa nada mais do que "pressão, força exercida sobre, ênfase". Existem diversos momentos de nosso dia em que é necessário fazer uma força a mais, chegar um pouco além, estarmos preocupados com algo, "esticar a corda". O problema real começa quando essa força física e mental extra nunca deixa de ser exercida, pois demanda do corpo uma produção exagerada de hormônios como cortisol, adrenalina e noradrenalina.  A produção exagerada desses hormônios têm resultados visíveis na homeostase, como aumento da frequência cardíaca, aumento dos níveis de açúcar no sangue, estreitamento dos vasos sanguíneos, tensões musculares, entre outros, incluindo diabetes. 

Precisamos diminuir nossos níveis desses hormônios no corpo. Se esses níveis não diminuírem, eles, em breve, cobrarão seu preço. Precisamos refletir sobre a manutenção de nossas vidas não apenas em nível corporal, mas também espiritual, uma vez que os métodos indicados pela medicina tradicional receitam exatamente o relaxamento: procurar dormir bem, exercitar-se, reconhecer pensamentos estressantes e aprender a lidar com eles, divertir-se mais, consumir alimentos mais saudáveis com mais frequência, conectar-se com outras pessoas e/ou com o divino e, acima de tudo, respirar. Sim, respirar. Seja com meditação, com yoga, ou apenas com um simples exercício de respiração atento, de forma lenta, profunda e ritmada. Práticas que tornam possível uma verdadeira homeostase da alma. E que vão refletir na homeostase do corpo.

Esse texto foi escrito por diversas mãos. Além das minhas, pelos meus mestres que me ensinaram o Coaching, e me proporcionaram ampliar minha consciência. Por minha médica, a qual exigiu de mim praticar técnicas de respiração mais seguidamente para minha que minha homeostase se reequilibrasse, depois do meu último check-up. E por uma professora de biologia que nem lembro o nome, mas cujo ensinamentos atravessaram os anos e desembocaram nessa reflexão.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli




domingo, 21 de janeiro de 2018

Cultura organizacional: a base do iceberg

“A cultura organizacional devora a estratégia no café da manhã”. A famosa frase duvidosamente atribuída a um dos pais da Administração moderna, Peter Drucker é, contudo, uma interessante compilação de suas ideias sobre o tema. Ela não quer, de forma nenhuma, minimizar a relevância do planejamento nos ambientes corporativos, mas sim, enfatizar a relevância do desenvolvimento de comportamentos e práticas organizacionais que possibilitem a execução das estratégias da melhor forma possível.

Em geral, mesmo que empresas já no papel tenham seus conceitos de missão, visão e valores, será a disseminação e a prática desses conceitos que os validará. Práticas essas que são originárias das mais profundas crenças que a organização tem, as quais, por sua vez, geram ações, que geram resultados. Quando há desalinhamento entre os conceitos escritos e os de fato praticados, uma cultura alheia àquela que a organização entende ter começa a se estabelecer, pois a presença de cultura organizacional é tácita, de uma forma ou de outra.  Se a organização não se preocupar em cultivar sua cultura através de ações, facilmente os colaboradores construirão por si mesmos uma cultura do ambiente e, nesse momento, a organização pode se arriscar a ver implementados hábitos, costumes e comportamentos desalinhados com o que a direção ou os fundadores da empresa acreditam. Nascem “líderes de vícios”, pessoas que vão ampliando distorções na cultura almejada através de ciclos de feedback e de reforço oriundos de práticas viciadas que vão se perpetuando.

Diversos elementos vão sendo acrescentados a um caldeirão de onde a cultura organizacional emerge: qualidade de governança, processos, estrutura, metas, pessoas, entre outros.  A combinação desses elementos gera verdadeiros “símbolos” dentro de uma corporação, um processo semiótico que desemboca na prática de rituais e rotinas entendidos como os mais apropriados em determinados contextos, seja nas mesas de escritório, seja no chão da fábrica. Ambos cliente interno (colaboradores) e  cliente externo (quem adquire produtos ou serviços) sentem os efeitos do resultado dessa mistura de fatores, seja para o bem, seja para o mal.

Imageticamente, a cultura de uma empresa pode ser comparada a um iceberg. A parte visível, aquela orientada às tarefas, compõe uma pequena parte do todo do gigantesco bloco de gelo, que é sustentado pela parte submersa dezenas de vezes maior, aquela que não se vê, e que pode corresponder, em uma empresa, aos padrões também não visíveis , como o clima organizacional, os processos sociais, psicológicos e comportamentais.


Por tratar-se de cultura, não cabem conceitos como certo ou errado. O que há são culturas organizacionais diferentes. Ainda assim, buscar o equilíbrio e o alinhamento entre a base e o topo do iceberg organizacional é trabalho fundamental para qualquer instituição que sinceramente almeje a concretização de seus melhores planos e o cumprimento de sua missão.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Derrubando a quarta parede

Existe um termo do teatro que se chama "quarta parede". É como se houvesse uma imaginária  parede transparente em frente ao palco. Ampliado para cinema, televisão e literatura, esse termo indica que toda a ação apresentada se dá, simbolicamente, em um ambiente todo fechado dentro de sua própria representação, onde os atores e personagens não podem ver ou interagir com o público, mas que a plateia, sejam expectadores ou leitores, pode presenciar o desenrolar da obra.


Muito comum é a comparação da vida com uma história que vai se escrevendo todos os dias. Com isso, quantas questões podem surgir: qual tem sido o enredo e o gênero dessa história? Qual é o nosso lugar na história de nossa própria vida: protagonista ou coadjuvante? Quem são os personagens que nos cercam? Quantas reviravoltas podem acontecer? Qual é a situação atual? Qual é o desfecho esperado? 

Acontece que mesmo sendo a vida uma história, ela não é uma representação fictícia. Ela é real As páginas escritas todos os dias são registradas para sempre. Os personagens sofrem e desfrutam consequências reais por suas ações todo o tempo. O ritmo dessa narrativa vai, em grande parte das vezes, já deixando pistas de qual será o seu desenlace.

A vida "real" está do outro lado da proteção da quarta parede.

Ainda bem que existe um recurso o qual é também um conceito teatral, em que os personagens interagem com a plateia, falam com a câmera ou dirigem-se ao leitor: "derrubar a quarta parede".  O efeito esperado é tornar menos fictícia a representação da história, de modo que a plateia participe de forma mas ativa e rompa a atmosfera de fantasia a qual estava antes confortável e passivamente inserida. Que sinta-se do lado de dentro da história.

Chega um momento em nossas vidas que precisamos descobrir o que é ficção e o que é realidade. Sobre qual é a história que estamos contando para nós mesmos apenas para manter nosso ego sob controle, e qual é a história que sabemos que nascemos para vivenciar.

Onde estamos na narrativa de nossa vida? Atrás da quarta parede? Na plateia? Sendo coadjuvantes de sonhos alheios? Ou ativamente, interagindo com a vida, sendo personagem principal de uma linda e profunda história, que deixa boas lições a quem por ela se interessar?

Nossa vida está em cartaz, aproveite-a da forma mais real possível!

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli





quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O paradoxo do queijo suíço

Certa vez, em algum lugar, em algum momento da minha vida, li esse paradoxo, o qual nunca esqueci. Sempre que o citava para alguém, era para descontração. Até que, outro dia,  dei-me conta da profundidade que aquela aparente brincadeira trazia em si:

"Um queijo suíço tem buracos
quanto mais queijo, mais buracos
cada buraco ocupa um lugar onde deveria haver queijo
quanto mais buracos, menos queijo
então
                                                                               quanto mais queijo, menos queijo!".

Com esse paradoxo em mente, refleti: o que em nossa vida vem tendo a mesma funcionalidade do "quanto mais, menos"? Quais são os comportamentos que não conseguimos mudar, e que sabemos que só nos causam mais e mais espaços vazios? No que abusamos ou nos excedemos, para logo descobrirmos que estávamos indo em direção ao "nada"? Quantas de nossas atitudes "sins" estão carregadas de sentimentos "nãos"? Quais os excessos que cometemos que, no final das contas, nos deixam com a sensação de "menos" do que de "mais"?

Haverá em nossa vida hábitos que, embora bem intencionados, foram mal administrados e acabaram virando sorrateiros e corrosivos vícios?

Ao contrário do queijo suíço, nós temos escolha de não cultivarmos tantos espaços vazios. Precisamos olhar para nós mesmos e descobrir maneiras de fazer o máximo com o mínimo que tivermos. Nesse contexto, a máxima "menos é mais" cabe muito bem, desde que o sentimento de plenitude ocupe com harmonia os espaços incompletos de nossa existência.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Não basta querer. E também não basta agir.

A teoria da Inteligência Emocional baseia-se na hipótese de que nosso cérebro é formado por três níveis: o mais primordial, responsável basicamente pelas atitudes de luta ou fuga; o cérebro límbico, onde ficam armazenadas memórias de experiências e emoções ligadas a elas; e um cérebro racional, o neocórtex, o grande responsável por nossa capacidade analítica. Apesar de parecer que é no neocórtex que nossas decisões são tomadas, a disposição física e biológica de determinadas áreas cerebrais faz com que nossas respostas provenham primeiramente do cérebro emocional, para, só depois, serem racionalizadas. Por isso, a importância de estarmos conscientes de nossas emoções, e do peso que elas têm em nosso comportamento e no nosso agir. De outra forma, seguiremos sendo “enganados” por uma suposta racionalidade em nossas atitudes, o que pode ser apenas uma ilusão. Antes sentimos, depois refletimos. Isso, caso ainda haja tempo para o neocórtex agir antes de uma atitude ou de uma tomada de decisão.

O que define aquilo que você chama de “eu”? Será o seu corpo? Sua mente? Sua alma? Suas crenças? Sim, pode ser tudo isso. Porém, no fim das contas, o que rege tudo o que  conceituamos como “eu” são nossas emoções e sentimentos. O que molda nossa  personalidade é o conteúdo e a forma com que nossas emoções permeiam nosso ser. E aí que está o grande desafio:  temos um ego, uma parte psíquica que vive nos protegendo do que julga ser perigoso. E, para o ego, o “desconhecido”, o  “novo”, pode soar perigoso. Para não abrirmos mão do que chamamos de “eu”, nos aferramos a um mindset, um padrão mental já conhecido. Nos viciados em nós mesmos. Consequentemente, tornamo-nos verdadeiros viciados em nossas próprias emoções.

Quando vamos em busca de um objetivo, temos despertado um querer. Então, do querer, deve vir o agir. Mas não basta querer. E também, não basta agir. Caso esse querer e esse agir estejam em nível puramente racional, o mais provável que acontecerá é que esse objetivo não seja alcançado, pois ele não está alinhado com o sentir, que é o que vai mesmo te mover até o objetivo.

São nas nossas emoções e nos nossos sentimentos onde estão nossos verdadeiros “quereres”. Se digo que quero economizar para comprar um carro, por exemplo, e isso está em nível apenas racional, é capaz de até conseguir juntar algum dinheiro durante dois ou três meses. Daqui a pouco, ao invés de reservar o dinheiro para o carro, me vejo gastando com algo supérfluo. Isso não quer dizer que sou incapaz de atingir meus objetivos. Isso quer dizer que meus sentimentos com relação a esse objetivo não estão bem claros ou alinhados com esse objetivo.  Então, sigo alimentando meu vício emocional do meu próprio “eu”.

Essa gama de emoções que serão o firme alicerce da conquista de um objetivo demandam também dedicação e foco.  Porém, não no modelo racional da dedicação, em que pode haver mais sofrimento do que prazer no caminho. Não no modelo do “tenho que” fazer tal coisa. Mas sim, no modelo do “eu escolho” fazer tal coisa, “eu DE VERDADE escolho esse objetivo para mim”. Esse é o padrão que produz a resposta emocional do querer, esse é o padrão que nos defenderá das temerárias atitudes autossabotadoras, as quais só nos causam frustração e culpa e aumentam nosso vício em emoções e necessidades que nem ao certo estamos muito conscientes.

“Querer” e “sentir” devem estar na mesma sintonia quando temos um sonho. Em muitos casos, além de buscarmos aprender novas formas de chegar lá, precisaremos também desaprender certas crenças e sentimentos limitantes.

Até quando vamos continuar preferindo os ganhos secundários de nossas pequenas traições diárias? Até quando os programas automáticos memorizados em nosso corpo e alma nos controlarão? Até quando insistiremos em quereres os quais não nos causam nenhum brilho nos olhos? Até quando deixaremos de sermos protagonistas de nossas vidas? Até quando nossa história será contada em terceira pessoa?

Convido-lhe a um diálogo com suas próprias emoções. Reconheça-as. Observe seus pensamentos.  Sinta quem ou o que você é, e não quem quer parecer ser.  Não podemos deixar para depois, pois quanto mais a vida avança sem esse controle, mais à mercê de padrões subconscientes ficamos. Nesse processo, não há ninguém julgando, dizendo se está certo ou errado Só há você.

Querer e agir. Acima de tudo, sentir.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O bagaço de nosso amor

Por acaso, teríamos nós dois tipos de pessoas em nossas vidas, aquelas a quem sentimos obrigação de sermos polidos, e aquelas que temos o direito de sermos grosseiros?

Acredito que não. Ainda assim, palavras e atitudes grosseiras acontecem. E, por vezes, envolvendo pessoas que amamos.

Muito se fala em autoconhecimento. Muitos o procuram, cada vez mais. Eu mesmo sou mais uma dessas pessoas, sem dúvida. A cada dia, novos processos, novas aprendizagens, novas percepções, novas sinapses neuronais e, com isso, a sensação de estarmos em um caminho de contínuo aperfeiçoamento mental e espiritual. Tornamo-nos mais elevados, mais educados, mais sensíveis, mais iluminados. Nos limites de nossa razão, acreditamos transmitir serenidade, confiança e paz de espírito aos demais ao redor. Temos a impressão de espalharmos amor. 

Em situações em que as convenções sociais sejam mais protocolares do que espontâneas, até segunda ordem, somos propensos a exercer nosso cultivo intelectual e nossa presteza com paciência e respeito, colocando em prática muito do que conhecemos sobre autocontrole e inteligência. emocional. Com empatia e candura, conseguimos ser fonte  de sensibilidade às pessoas com quem nos relacionamos, mas que não temos necessariamente intimidade. 


Isso na "rua." Até aí, tudo bem.


E por que esse padrão de comportamento gentil parece não ser necessário nas relações com pessoas íntimas? "Em casa?"

"Porque, "com os "de casa", tenho liberdade de estar de mau humor. Tenho liberdade de dizer o que eu quiser. De ser irônico. De ser ácido.  Tenho liberdade de "ser sincero". Afinal, são pessoas com quem não há nenhuma necessidade de formalidade. Se fui grosseiro hoje, amanhã já estará tudo bem."

Será que estará "tudo bem", mesmo?

Em nome de uma dita "sinceridade" a que a intimidade convida, tendemos a falar o que vier à cabeça, sem considerar muito bem os danos emocionais que podemos causar com nossa pretensa sinceridade. Não seria melhor nos orgulharmos de sermos mais assertivos do que sinceros? "O que de ganho a outra pessoa terá ao ouvir o que tenho a dizer?" "Não vou apenas magoar ou menosprezar essa pessoa com minha fala"? "Qual a forma mais elegante, e ainda assim mais direta de se dizer determinada coisa?"

Parece-me paradoxa a prática de guardar o melhor de nós para todos os demais, e deixar  nossa versão mais obscura para "os de casa", para as pessoas que realmente se importam conosco nos detalhes mais decisivos e também nos mais triviais.

Que nossas "casas" sejam, de fato, nosso ponto de equilíbrio. Nosso paraíso emocional, de liberdade para sermos de fato quem somos, com uma convivência harmônica com todas as demais criaturas com quem estamos compartilhando esse momento da existência. Onde possamos estar inteiros, dividindo o néctar de nosso amor, sendo empáticos com a forma de que nossos gestos, posturas e palavras chegam no outro, e não espedaçados como o bagaço de uma fruta já exaurida do que tinha de melhor.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Vivemos de poesia

Em seu sentido literal, poesia é um trabalho de composição harmônica de versos e palavras em busca de geração de emoções, sentimentos e sensações.

E o que é nossa vida, no final das contas, senão uma busca existencial incessante por harmonia também de emoções, sentimentos e sensações?

Vindo do mesmo grupo etimológico, os antigos gregos tinham a palavra poiesis, conceito que significava “aquilo que se cria”, “a obra construída”. Essa concepção era aprofundada em diversas dimensões da vida, fosse a “construção de uma família”, o fazer algo bem feito, ou ainda, relacionado a uma profissão ou ocupação. Assim, trabalhar e viver sua poiesis adquiria um sentido mais intenso do que simplesmente ganhar dinheiro e sobreviver aos dias: vivia-se pela “sua obra”, por sua história e seu legado. E essa “obra” era como se fosse uma verdadeira “obra” de arte: havia de despertar emoções, como se todos fossem verdadeiros artistas no exercício de suas vidas.

Esse anseio poético pelo seu ofício nunca deixou de existir. Porém, o quanto da qualidade dessa poesia vem sendo negligenciada em nossos dias?

Como é vertiginosa a rotina profissional de apenas trabalhar sem uma perspectiva emocional de plenitude, sem ver propósito no que se faz, sem conseguir transformar seu trabalho em uma “obra” digna para si mesmo. Seja qual for nossa ocupação profissional, façamos dela algo que seja como a poesia: harmônica para nós mesmos e para o bem comum, que todos possam usufruir de bons sentimentos a partir de nossas obras.

Que possamos resgatar a poiesis grega em nosso dia-a-dia, nas atitudes que tivermos com relação a nós mesmos e com os outros, seja na vida profissional ou pessoal. Que esse resgate signifique a completude emocional em relação à “obra” de nossas vidas. 


Nesse sentido, talvez nossa vida venha sendo uma poesia triste. Talvez feliz. De qualquer forma, a verdade é que vivemos de nossas histórias. Vivemos de poesia.  E como essa poesia entrará no livro dos dias da eternidade dependerá do conjunto das obras de cada um de nós.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


terça-feira, 24 de outubro de 2017

Um copo d'água

"Vivemos nossa vida como se carregássemos em nossas mãos um delicado copo d'água.

Um copo que, às vezes, está transbordando. Às vezes, está pela metade. Às vezes, está completamente vazio.

É da natureza humana o desafio de carregar esse copo d'água nas mãos. Não é possível se desfazer dele. A questão é conhecer e saber administrar o conteúdo desse copo.

Mesmo parados, haverá momentos em que a terra ao nosso redor vai tremer, agitando a água dentro do copo. Dependerá de nossa capacidade de equilíbrio que essa valiosa água não caia e se desperdice. Haverá outros momentos em que, apesar do mundo exterior estar calmo, nossa própria mão não estará firme o suficiente, colocando em risco o conteúdo do copo. 

Passaremos por situações onde não haverá sequer um pingo d'água nesse copo. Nesses momentos, caberá a cada um de nós descobrir o porquê da secura desse copo, uma vez que, apesar de ser melhor manejado, corremos o sério risco de morrermos desidratados. 

Haverá situações em que desejaremos esperar pelo melhor momento para iniciarmos alguma ação, visto que o risco de derramar a água é grande. E também situações que não teremos escolha: seremos passageiros de uma verdadeira montanha-russa com esse valioso copo d'água nas mãos.

Fases em que esconderemos esse copo d'água dos outros, julgando que somos os únicos seres a andar com um copo na mão pelo mundo. Momentos que esse copo transbordará e violentamente molhará os outros que estiverem ao redor.

Circunstâncias que, talvez, precisaremos de ajuda para equilibrar o agito de nossa água. Circunstâncias outras que outros portadores de copos mais agitados que os nossos acabarão por entornar nossa própria água.

Que aprendamos a carregar com carinho nosso copo d'água. Que seu conteúdo seja cristalino. Que, agitado ou calmo, sejamos capazes de controlá-lo e apreciá-lo. Que tenhamos sempre certeza de carregamos água limpa em nosso copo, e não veneno.

Para que possamos, no momento em que a sede emocional surgir, saber qual é a fonte que encherá nosso copo de água e de vida."

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

As emoções no exercício da liderança

Existe uma lenda histórica que trata do horror que Napoleão Bonaparte sentia por gatos. Chega-se a dizer que, durante a famosa batalha de Trafalgar, em 1805, o comandante inglês Horatio Nelson lançou setenta gatos selvagens no campo de batalha terrestre, o que desestabilizou Napoleão emocionalmente  a ponto de ter que ser retirado do front de batalha. Isso fez com que o exército francês sentisse profundamente a falta da aura de seu líder máximo, vindo a sucumbir e, com isso, perder totalmente o controle do Atlântico. Esse foi o início do fim da era Napoleão.

Os líderes também sentem medo. Os líderes também têm anseios. Os líderes também precisam lidar com suas frustrações e angustias. Os líderes têm e conhecem suas vulnerabilidades. E, ainda que sejam seres assim com necessidades tão mundanas, sabem que precisam estar junto de suas equipes, times, exércitos ou qualquer nome que o grupo de pessoas a ele/ela confiado possa ter, pois sua figura invoca segurança e confiança suficientes para que todos possam descobrir o máximo de suas potencialidades.

O bom gerenciamento das emoções nas posições de liderança talvez seja o grande diferencial entre o que se conhece por líder de fato e o líder de direito. Esse é o líder imposto, que tem nada mais que o "direito" hierárquico de exercer liderança. Aquele é o líder aceito pelo grupo, de maneira natural. A liderança de fato está na presença não apenas física, mas também emocional, junto às pessoas ao redor do líder. É essa liderança que gera uma ressonância de energia que inspira, que proporciona sinergia em um time. 

O líder de fato é emocionalmente inteligente para evitar a tendência de levar situações para o lado pessoal. Ao invés de levantar barreiras defensivas ao que lhe soa como desafio à autoridade, esforça-se para ouvir e interpretar as entrelinhas de comportamentos e atitudes. Só depois de estar consciente de suas próprias emoções frente ao que está vivendo é que corrige rumos, recalcula rotas ou orienta mudanças.

O líder de fato é capaz de perceber o estado emocional de cada um dos indivíduos de sua equipe, além do estado emocional da equipe como um todo. Com isso, é capaz de consolidar laços de relacionamento e de implicação fortes o suficiente para que as tarefas sejam realizadas de modo que todos vejam propósito no que fazem. São empáticos o suficiente para se colocarem no lugar dos outros, percebendo as necessidades de apoio, inspiração ou equilíbrio.

Por fim, um líder dialoga constantemente com seu próprio ego, sabendo que seu brilho resplandece exatamente quando as pessoas ao seu redor são capazes de brilhar. Sabe que pessoas que se sentem valorizadas podem chegar mais longe,  além de saber que a imposição de autoridade é recurso não renovável: quanto mais se apoiar nela, menos a terá.

De um líder, podem depender dezenas, centenas, milhares de vidas. Que cada líder seja capaz primeiramente de ser um líder de si mesmo, olhando para si e para a gestão de suas próprias emoções de maneira constante, para que seja capaz de atingir seus objetivos, juntamente com suas equipes. 

Para que os "gatos selvagens" em campo de batalha não impliquem em desastres nas vidas das pessoas que necessitam da presença física e emocional de um verdadeiro LÍDER.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli



domingo, 24 de setembro de 2017

Por mais momentos assim

O trabalho de Coach vem me proporcionando conviver com as mais diversas interpretações que as pessoas, em geral, fazem da realidade. Com isso, vem a necessidade de aprofundamento contínuo no estudo das técnicas do Coaching, para que eu possa colaborar de verdade com aqueles que buscam desencadear seu mais pleno potencial no alcance de suas metas. Porém é o contínuo processo de autoconhecimento, de aprimoramento de um olhar para meus próprios "assuntos internos" que é a verdadeira base de todo o trabalho.

Com muita satisfação, venho participando de um grupo de colegas Coaches, onde discutimos questões técnicas e compartilhamos apoio, conhecimentos e descobertas, o Integracoach. Em nosso encontro passado, muitos momentos de insights aconteceram, dos quais, destaco três:

"Missão e propósito são a mesma coisa?"
Entendo como missão de vida o elemento que está mais profundamente arraigado em nosso ser, e que é capaz de nos mover em direção às nossas metas. É nossa razão maior de nos sentirmos plenos. Não são raras as vezes, porém, que pessoas simplesmente nascem e morrem sem nunca terem se dado conta de suas reais missões em suas vidas. Já o propósito é algo que estimula o cumprimento da missão, que faz com que a movimentação faça sentido. Se nossa missão for, por exemplo, cozinhar para outras pessoas, mas nosso propósito for apenas ganhar dinheiro com isso, pode ser que não estejamos vivendo o que há de mais rico na experiência de se viver essa missão, pois pode ocorrer de estarmos "ganhando dinheiro" em outra atividade que não seja a da nossa real missão. Conseguir unir nossa missão e nosso proposito parece ser o que há de mais verdadeiro dentro da palavra SUCESSO.

"Se não pode evitar o julgamento, pelo menos evite a sentença".
Cada vez mais ouve-se que devemos ser cuidadosos com os nossos julgamentos, tanto os autojulgamentos quanto aqueles dirigidos aos outros. No trabalho de Coaching, esse é um dos pilares do trabalho, o "não julgar". Apesar de, como Coaches, termos o treinamento necessário para executar a escuta ativa sem deixar julgamentos virem à tona, existem situações fora dos processos de Coaching que qualquer pessoa, por sua  própria condição humana, acaba comparando certos acontecimentos a partir de seus próprios sensos de justiça, que são, quase sempre, únicos. Assim, ocorrem os julgamentos, dando margem para rotulações de "certo", "errado", ridículo", ou "isso nunca vai dar certo". Ora, mesmo que, em sentido geral, pareça tão desafiador assim evitar julgamentos podemos, pelo menos, evitar "sentenças", como "você está errado e deve sofrer por isso", ou "isso não vai dar certo e você dever fazer outra coisa". Quantos sonhos já foram mortos a partir de uma única sentença? 

"Só existe a autocura".
Qualquer dor ou doença que se tenha, seja de ordem física, mental, espiritual, ou emocional, só poderá ser curada pela própria pessoa que a sente. Não que alguém necessariamente precisará se curar sozinho, mas, mesmo no exemplo simples de se tomar um medicamento para uma dor física, será o próprio corpo dessa pessoa que reagirá aos efeitos do medicamento, levando à cura. O medicamento, por si só, não terá nenhuma eficácia caso o próprio corpo não reaja. Assim é também para as questões emocionais. Em todos os casos, será única e exclusivamente o entendimento e adequação de situações internas que levará à cura, mesmo que o estímulo venha de alguém externo, ou de uma situação catalizadora de possibilidades de cura. Em outras palavras, podem acontecer diversas coisas por fora, mas a cura mesmo só pode acontecer por dentro. 

Quantos aprendizados em uma única noite. Quantos insights. Quanto compartilhamento. São momentos que podemos nos conectar com padrões elevados de existência, conexões essas que podem ocorrer a partir de diversas formas, desde em uma reunião profissional, como a citada, como em uma roda de amigos conversando em um bar. Que pode se dar em uma sala durante uma aula na faculdade, ou em uma feliz selfie com a família. Em uma epifania espiritual, no contato com um ser mais elevado, ou numa simples caminhada solitária contra a brisa de um dia de sol.

O importante é se afastar ao máximo do que nos faz mal. Do que drena nossa energia. Do que é tóxico. E aproximar-se do que nos potencializa.  Viver esse potencial!

Por mais momentos assim em nossas vidas.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Cangurus, lagostas e outros seres

O nascimento de um canguru é um dos mais dramáticos do reino animal. Ele oficialmente nasce quando ainda está praticamente em fase embrionária, medindo cerca de 2cm e pesando algo em torno de 1g.. Cego, e ainda sem as patas traseiras desenvolvidas, o bebê precisa escorregar até a famosa bolsa da mamãe canguru, chamada marsúpio, para completar sua formação. Esse processo, entre nascer e chegar até a bolsa da mãe, leva em torno de 5 minutos. Minutos esses que, podemos imaginar, devem parecer uma eternidade para um ser tão pequenino e frágil, que precisa ir se agarrando aos pelos da mãe e cuidando para que não caia no chão, o que seria fatal para o bebê. Ele já nasce praticamente lutando pela vida. É de sua natureza.

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A lagosta é um crustáceo que, como outros de sua espécie, possui o que se chama de exoesqueleto. Uma espécie de armadura que a protege mas que, após determinado tempo, não acompanha o crescimento do animal em si. Assim, conforme a lagosta vai crescendo, chega um momento em que, ou a lagosta abandona essa proteção biológica que tem e continua crescendo até desenvolver outro exoesqueleto, ou vai ficar do mesmo tamanho para sempre. A natureza sempre a impele a crescer, e trocar de proteção quando essa está refreando seu crescimento. É de sua natureza.

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Existe uma espécie de peixe endêmica do Havaí de nome científico Lentipes Concolor, que nunca ultrapassa os 7cm, e que tem uma característica quase impensável para um peixe: ele é capaz de escalar paredões rochosos de cachoeiras de quase 150m de altura para procriar. Graças a ventosas dispostas em seu corpo, o pequeno peixe vai se agarrando às pedras úmidas contra o fluxo d'água de uma enorme cachoeira para cumprir seu destino de procriar no mesmo lugar onde nasceu. Muitos acabam caindo, e reiniciando sua jornada. Alguns caem, e morrem. É de sua natureza.

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Apesar de bastante difunda, existe uma bonita lenda que a águia é uma ave que, em determinada fase da vida, precisa arrancar suas garras por já estarem enfraquecidas, além de ter que arrancar suas penas e quebrar seu bico contra as rochas para renovar-se. Bem, tudo isso não passa mesmo de uma bonita lenda. Quando se vê uma águia bicando pedras, ela, na verdade, está afiando seu bico e o mantendo em tamanho confortável para sua alimentação. Além disso, ao contrário de ter suas garras enfraquecidas com o passar do tempo, a sobreposição das camadas de queratina faz com que suas garras fiquem, na verdade, cada vez mais fortes. Esses fatos, sim, são de sua natureza.

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Se o próximo ser descrito fosse você, qual seria a história, em poucas linhas? O que sobre você seria incrível? O que seria único? O que seria verdade? A "sua natureza" te agradaria?

Ao contrário dos animais, você pode fazer escolhas além dos hábitos e instintos.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Navegar à Bolina


De uma hora para outra, a força de nossos melhores planos e ações começa a perder o vigor, como se, de repente, um vendaval contra nós mesmos começasse. Nosso avanço torna-se mais lento e penoso. Simplesmente, desânimo.

Esse forte vento contrário pode vir de imprevistos, emoções negativas, padrões mentais limitantes, contatos tóxicos ou situações pesadas e estressantes, causando um grande dispêndio de nossa energia. Seja por fatores externos ou internos, há momentos tão confusos em que navegar o mar de nossas vidas e de nossos objetivos parece doloroso. De fato, avançar "sem alma", a raiz etimológica de "desânimo", é uma tarefa árdua e extenuante.

Para mim, vontade tem a ver com Significado. Não raro, temos vontades diversas, como crescer profissionalmente, ter uma rotina mais saudável, viajar, empreender... e, ainda assim, essa vontade vai esmorecendo até que nos identifiquemos como desanimados e abandonamos nossos projetos iniciais. Colocamos todo nosso "ânimo" no início da empreitada, mas não identificamos o que o movimento até o objetivo significaria para alcançarmos nossa plenitude. Se quero crescer profissionalmente, isso pode significar realizar o trabalho dos meus sonhos, no cargo dos meus sonhos. Se desejo ter uma rotina mais saudável, isso significa tratar bem minha saúde física e mental, para me sentir melhor. Se minha vontade é empreender, isso significa viver meus sonhos e aceitar meus próprios desafios. 

O Significado que reside em nossos objetivos é nosso "colete salva-vidas" nesses momentos de mares revoltos. É o que mantém nossa "alma" inteira quando parecemos não ter mais forças para seguir. Quanto mais forte esse Significado, mais fortes somos para encarar os desafios da jornada.

A força de vontade é o motor que move nosso barco. Quando exigido em demasia, pode deixar de funcionar. Há de se encontrar o equilíbrio em seu funcionamento para que possa repousar quando possível, e para que esteja sempre pronto para estar pleno de condições quando força total se faça 
necessária.

Dialogue com seu desânimo. Reconheça que ele está ali. Procure adaptar-se. Aprenda a "navegar à bolina", que é posicionar as velas de um barco de modo que se mova para a frente, mesmo quando o vento é contrário.

Cada um de nós sabe quais são os Significados de seus objetivos e as melhores formas de reaver seus melhores estados de ânimo. Para isso, é preciso conhecer-se.

Descubra o Significado do que está fazendo para fortalecer-se nas tormentas.

Pode ser que o pior vendaval seja aquele acontecendo dentro de nós mesmos.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Pés no Chão


Estar com os pés no chão pode significar viver na segurança de sua própria lógica de planejamento, nos limites daquilo que se entende por "realidade". Mas o que é real? Os fatos em si ou nossa interpretação deles? Que "chão" é esse?


Estar com os pés no chão pode ser estar sobre sólido suporte, em terreno firme, conhecido. Mesmo assim, como reconhecer de fato a firmeza de um terreno? "É" firme, ou "acreditamos" que é firme? Conhecemos esse terreno, ou acreditamos que conhecemos?

Estar com os pés no chão é comportamento comparado com a humildade. Serão esses pés humildes voluntários em aceitar sua condição de estarem no chão, ou pobres, descalços, e sentindo o frio da escassez imposta pela própria falta de perspectivas?

Estar com os pés no chão pode ser sinônimo de criar raízes. Serão essas raízes a estabilidade necessária para os duros dias de tempestades, ou verdadeiras âncoras que impedem que alcemos voo?

Qual o peso das responsabilidades sobre nossos ombros, pressionando nossos pés contra o chão? É excessivo, a ponto de fazer-nos menores do que somos por estarmos sendo praticamente enterrados no solo, ou tão leve que sejamos tal qual uma pluma sem direção ao sabor do vento?

O chão que sustenta nossos pés hoje pode não ser o mesmo amanhã. Nossos pés podem não ser os mesmos amanhã. O mundo pode não ser o mesmo amanhã. 

Seja em escala micro ou macroscópica, o movimento é a única constante no Universo. Estar com os pés no chão também é, inevitavelmente, estar indo em alguma direção.

Os teus "pés no chão" estão te levando para onde?


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli


segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pode Ser

"Era uma vez um fazendeiro chinês. Um dia, um de seus cavalos fugiu. Seus vizinhos vieram até ele, comentando como aquele acontecimento era um infortúnio. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, o cavalo que fugiu voltou, trazendo com ele sete cavalos selvagens. Os vizinhos apareceram novamente, dizendo que isso era uma grande sorte. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
Depois disso, o filho do fazendeiro tentou domar um dos cavalos selvagens e caiu, quebrando uma perna. Os vizinhos vieram lamentar o ocorrido, dizendo que aquilo era muito ruim. O fazendeiro respondeu: “pode ser”.
No dia seguinte, oficiais do exército que estava recrutando soldados apareceram, mas não levaram o filho do fazendeiro por conta da sua perna quebrada. Os vizinhos vieram ao fazendeiro falando sobre como aquilo era ótimo, e ele respondeu: “pode ser”.
A velha parábola acima vem nos despertar para que o que chamamos de realidade seja, na verdade, perspectiva. Todos os acontecimentos podem ser interpretados a partir de diferentes pontos de vista.
Nossas crenças inconscientes e experiências passadas agem como verdadeiros filtros que regulam nossa capacidade de olhar para a realidade do que está acontecendo conosco e no mundo. Um dos preceitos básicos da Programação Neurolinguística (PNL) é que "o mapa não é o território", ou seja nossa perspectiva (o mapa) é uma representação da realidade (o território).  Assim, nossos mapas apenas definem o que acreditamos ser o território por onde andamos.
Reestruturar contextos e conteúdos de modo que encontremos significados mais úteis para qualquer experiência, a fim de que possamos torná-las algo que trabalhe positiva e construtivamente por nós, e não destrutivamente contra nos, é a chave do sucesso nessa questão. É o que a PNL chama de "ressignificação".
Ainda que os fatos por si só sejam neutros, de nenhum modo reestruturar ou ressignificar contextos ou conteúdos quer dizer que determinados acontecimentos não sejam problemas reais. Não é negá-los. É, sim, ter uma conversa interna de modo que a criatividade aflore com respostas que serão muito mais ricas e inspiradoras. Pense como um general que, ao ter recuar em uma batalha, vê o movimento como "o avanço em outra direção". 
Nossa interpretação do que acontece é que será determinante na forma como lidaremos com os fatos. É um grande desafio, sem dúvida. Pode requerer prática constante. Contudo, é um desafio capaz de nos conceder o poder de decisão entre a escolha consciente de nossas reações ou entregar-se automaticamente à dimensão de vítima sem recursos.
É um exercício onde, como diria o velho fazendeiro chinês, tudo "pode ser" algo mais.
Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Faltou um "superouvido" para um "batpapo".


Uma noite dessas, tirei uns minutos para assistir televisão. Trocando de canal aqui e ali, me deparei com o filme Super Homem Vs Batman - A Origem da Justiça (Warner Bros., 2016). Eu só queria assistir um pouco de TV. E acabei assistindo o filme todo.


Como o título já informa, sabe-se que é um filme sobre super-heróis. Esperam-se cenas cheias de efeitos especiais, uma história que normalmente não empolga muito os fãs das histórias em quadrinhos e, acima de tudo, um final feliz, onde o bem prevaleça. Spoilers  


Divulgação: DC Comics

à parte, é isso mesmo que acontece. O que me chamou a atenção mesmo foi ver de que forma dois ícones ultra populares do bem e da justiça poderiam ser colocados um contra o outro. O que teria motivado dois dos super-heróis mais famosos dos quadrinhos a lutarem um contra o outro?

O que gerou o conflito?

Ambos são personagens do bem. Protegem os cidadãos de suas respectivas cidades contra vilões insanos e alienígenas perversos. São exemplos de conduta. Mesmo assim, suas identidades reais permanecem secretas. São os "heróis"!

De repente, suas atitudes de proteger a lei e a ordem começam a ser questionadas. Uma nova visão da realidade começa a tomar de assalto corações e mentes: o Batman tem informações de um sujeito voador, em Metropolis, que é tão poderoso quanto um deus, e que toma decisões por conta própria para defender o que entende como certo. Já o Super-Homem passa a ouvir falar de um certo homem-morcego de Gotham City que faz justiça conforme suas próprias leis. Começam a enxergar um ao outro como uma ameça. Como cada um deles quer realizar seu trabalho de defender o que entende por "bem", acabam por se enfrentar.

Os dois têm o mesmo ideal. E, ainda assim, se acusam. Entram em choque. E lutam. E lutam muito.

Ocorreu-me que algo semelhante acontece nos conflitos que presenciamos e enfrentamos em nossas vidas. Nem sempre nossos conflitos originam-se de diferenças. Por algumas vezes, eles podem mesmo é nascer das semelhanças.

Somos pessoas trilhando nossos caminhos pela vida. Pode ocorrer que, no ponto onde me encontro em minha senda, entre na minha vida alguém que está indo para outro lugar, mas que, nesse momento, está compartilhando esse mesmo ponto da estrada. Eu tenho minhas necessidades, e a outra pessoa tem as dela. Eu tenho meus medos, a outra pessoa tem os seus. Eu tenho meus modelos próprios de justiça e injustiça, a outra pessoa também. Eu tenho meu caminho a trilhar. A outra pessoa, idem. Mesmo assim, podemos nos ver como ameças uns aos outros.

Um conflito é um choque de necessidades.

Eu acredito nas relações ganha-ganha. Todos ganham, nem que seja um pouco, de cada vez. Só que, para isso, deve haver o encorajamento de uma comunicação clara e transparente durante todo o processo, de modo que ações preventivas minimizem as possibilidades de conflitos, ou ainda, com a situação de conflito já posta, que haja um canal de comunicação sempre aberto para negociação e convivência, nem que inicialmente seja através de um intermediador.

Comunicação clara e transparente. Capacidade de procurar entender o mundo do outro.  Inteligência emocional. Coisas que faltaram ao Super-Homem e ao Batman. No fim, descobrem-se mais parecidos do que imaginavam. 

Cuidemos que nossos conflitos não sejam armas de nossos vilões insanos internos e alienígenas perversos que vivem corroendo nossa mente, e que causam interferência em nossa capacidade de ouvir ativamente o outro, ou de expressar o que sentimos. Que petrificam nossa empatia e que impedem a administração de nossas emoções.

Que dois seres que defendem o bem não entrem nunca mais em conflito.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli.



terça-feira, 27 de junho de 2017

Endomarketing Pessoal

É quase que certo que você já tenha ouvido falar sobre Marketing Pessoal. É possível que já tenha lido e estudado sobre isso. Pode ser até que seja um especialista no assunto.

O objetivo mais elementar do Marketing Pessoal está na forma como nos apresentamos em determinadas situações: o cultivo de nossa imagem, seja na maneira com que nos vestimos, nos portamos, até a forma com que nós nos comunicamos. Aliás, é preceito clássico das teorias da comunicação que é impossível não nos comunicarmos. Mesmo em silêncio, nossa roupa, nossa postura e nosso semblante estão sempre emitindo sinais de comunicação.

Nesse nível do ser, a imagem geral de alguém acaba afunilando-se em um adjetivo. Como sua imagem é percebida pelas pessoas que te rodeiam? Como questiona Arthur Bender, em seu livro Personal Branding (2009), "qual é o seu adjetivo?".

"Chegou o/a (seu nome). Que (bom/ruim)! Ele/ela é tão.... (seu adjetivo)".

Manter essa imagem para que esse adjetivo esteja alinhado com seus propósitos vai além das vestimentas ou boas posturas. Essa imagem inicia-se dentro do ser, em um movimento contrário ao Marketing Pessoal. O marketing visa o movimento de dentro para fora. Agora, imagine um movimento de fora para dentro do ser, onde se cultivem as questões internas, os propósitos, as crenças, os valores, as emoções e o autoconhecimento. Esse é o que chamo de Endomarketing Pessoal.

"`Para mudarmos nosso mundo exterior, precisamos primeiro mudar nosso mundo interior". Esse movimento inicia-se com o reconhecimento das vozes que temos dentro de cada um de nós, tanto aquelas mais críticas e conservadoras quanto aquelas mais fluídas e adoradoras de desafios.  É conhecer nossas competências e nossas interferências, nossas luzes e nossas sombras o que, muitas vezes, estão ocultas até mesmo para nós.

É ir além dos ditos pensamentos positivos ou negativos. Dizer a si mesmo "eu sou o melhor", ou "eu sou o pior", no final das contas, são apenas conceituações. A questão é: no fundo de sua verdade, quem de fato você é?

As ações de Endomarketing em nível pessoal têm como finalidade que a pessoa primeiramente SEJA. E que se reconheça tal qual como é. Com isso, possibilita-se a movimentação em direção aos seus objetivos e propósitos de vida, lidando com os possíveis obstáculos de forma mais lúcida. Com isso, abre-se caminho para que a pessoa FAÇA o que precisa ser feito, até que TENHA aquilo que almejou.

Participar de atividades de integração pessoal ou profissional, cultivar-se física, intelectual e espiritualmente, frequentar palestras e cursos, selecionar leituras e programas que estejam alinhados com seus propósitos, ter um plano de vida e de carreira, todas essas coisas são alguns exemplos de ações de Endomarketing Pessoal.

Tudo começa por uma atitude positiva. E uma atitude positiva, para mim, é aquela que gera amor. E que, por sua vez, deixa nosso mundo interior e exterior um lugar melhor de se viver a vida.

Em sua imagem pessoal, está seu corpo. Em sua essência pessoal, está sua alma.

Elas anseiam em andar juntas.

Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli
                                                       

domingo, 11 de junho de 2017

Como produzir ovos de ouro

Contava-nos o velho fabulista Esopo, ainda na Grécia de cinco séculos antes de Cristo, que certa vez um homem encontrou um ovo de ouro em um dos ninhos de seu galinheiro. Em um êxtase de felicidade, ainda que bastante intrigado, conseguiu identificar qual era a galinha de sua criação que colocava os ovos de ouro. Todos os dias, a galinha colocava um ovo, e apenas um ovo de ouro, da melhor qualidade. 

O criador de galinhas começou a fazer planos ambiciosos com o dinheiro que ganharia com a venda daqueles ovos. Dia após dia, porém, começou a perceber que seus planos de riqueza levariam mais tempo do que gostaria para que fossem concretizados. Fez tudo que podia para que a galinha aumentasse sua produção de ovos, mas a galinha colocava sempre um ovo de ouro por dia, sempre no mesmo ninho e horário.

Começando a ficar impaciente com a demora em realizar suas ambições de deixar de ser um simples criador de galinhas para se tornar um grande senhor de posses, chegou à conclusão que se aquela galinha colocava ovos de ouro, era porque todos os ovos de ouro que ela colocaria na vida já estavam dentro dela. Bastava matar e abrir a galinha para que amealhasse toda a riqueza de uma única vez.

E assim foi feito. O criador de galinhas matou a galinha dos ovos e ouro. Abriu o animal e, por dentro, só encontrou vísceras. Por dentro, era apenas uma galinha normal.

E o criador de galinhas continuou sendo um criador de galinhas até o fim de sua vida.

Stephen Covey, em seu best-seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, trata dos conceitos de Produção (P) e de Capacidade de Produção (CP). Produção (P) é o resultado, aquilo que se alcança com todos os meios disponíveis. Capacidade de Produção (CP) é o grau de competência que esses meios disponíveis apresentam para que se alcancem resultados.

Vamos imaginar um par de sapatos. A (P) desse par de sapatos é te levar todos os dias ao seu trabalho, por exemplo. A (CP) desse par de sapatos não está sendo levado em consideração. Certo dia, percebe-se que um dos sapatos está com um pequeno arranhão. Ainda assim, deixa estar, pois ainda se pode ir trabalhar com ele. 

Uma semana depois, aquele arranhão evoluiu para um pequeno rasgo. Como é discreto, pode-se ainda ir trabalhar com ele. A dimensão (P) ainda está dando resultados. Contudo, alguns dias depois, ao ignorar a (CP) do par de sapatos, o pequeno rasgo evoluiu para um grande buraco que já chama a atenção, e que já não poderá ser consertado. Ao considerar apenas a (P) e ignorar a (CP) do sapato, perdeu-se tudo. Teria sido tão barato ter pedido a um sapateiro para resolver a (CP) desse sapato quando o questão ainda era apenas um arranhão...

O que em nossa vida está carente de equilíbrio entre (P) e (CP)? Nossa saúde física? Nossa saúde mental? Nossa saúde espiritual? Nosso equilíbrio financeiro? Nosso controle emocional? Nosso trabalho? Nosso tempo? A qualidade de nossos relacionamentos? Nosso carro? Nossa casa? 

Nosso par de sapatos favorito?

Estaremos em algum ponto de nossa vida estrangulando nossa galinha dos ovos de ouro para não pararmos nunca de termos resultados? E se ela não aguentar?

Será necessário perdemos coisas que gostamos para nos darmos conta disso?

Vamos cuidar de nossas galinhas dos ovos de ouro. Esopo nos ensinou já há muito tempo que não é inteligente pormos em risco fatores importantes em nossa existência em função de negligência ou precipitações.

Ovos de ouro se produzem cuidando da capacidade de produção.


Grato pela confiança,
Marcelo Pelissioli